ATA DA OCTOGÉSIMA SÉTIMA
SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA
LEGISLATURA, EM 22-10-2003.
Aos vinte e dois dias do mês
de outubro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze
minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores
Cláudio Sebenelo, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Juvenal
Ferreira, Margarete Moraes, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol,
Renato Guimarães, Sebastião Melo e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Berna Menezes, Carlos
Pestana, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias
Vidal, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Luiz
Braz, Marcelo Danéris, Nereu D'Avila, Valdir Caetano e Wilton Araújo.
Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da
Septuagésima Sexta e Septuagésima Sétima Sessões Ordinárias, que deixaram de
ser votadas, face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram
encaminhados: pelo Vereador Dr. Goulart, os Pedidos de Providências nos 1957 e
1960/03 (Processos nos 5307 e 5310/03, respectivamente), os Projetos de Lei do
Legislativo nos 387 e 388/03 (Processos nos 5231 e 5232/03, respectivamente) e
o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 003/03 (Processo nº 5393/03); pelo
Vereador Haroldo de Souza, os Pedidos de Providências nos 2251, 2252, 2253,
2254, 2255, 2256, 2257, 2258, 2259, 2260, 2261, 2262, 2263, 2264, 2265, 2266,
2267, 2268, 2269, 2270, 2271, 2272, 2273, 2274, 2275, 2276, 2277, 2278, 2279,
2280, 2281, 2282, 2283, 2284, 2285, 2286, 2287, 2288, 2289, 2290, 2291, 2292,
2293, 2294, 2295, 2296, 2297, 2298, 2299, 2300, 2301, 2302, 2303, 2304, 2305,
2306, 2308, 2309, 2310, 2311, 2312, 2322, 2323, 2324, 2325, 2326, 2327, 2328,
2329, 2330, 2331, 2332, 2333, 2334, 2335, 2336, 2337, 2338, 2339, 2340, 2341,
2342, 2343, 2344, 2345, 2346, 2347, 2348, 2349, 2350, 2351, 2352, 2353, 2354,
2355, 2356, 2357, 2358, 2359, 2360, 2361, 2362, 2363, 2364, 2365, 2366, 2372,
2373, 2374, 2375, 2376, 2377, 2378, 2379, 2380 e 2381/03 (Processos nos 5747,
5748, 5749, 5750, 5751, 5752, 5753, 5754, 5755, 5756, 5757, 5758, 5759, 5760,
5761, 5763, 5764, 5765, 5766, 5767, 5769, 5770, 5771, 5772, 5773, 5774, 5776,
5777, 5778, 5779, 5781, 5782, 5784, 5785, 5786, 5787, 5788, 5789, 5790, 5791,
5792, 5797, 5798, 5802, 5803, 5805, 5806, 5807, 5808, 5809, 5810, 5811, 5812,
5813, 5814, 5815, 5817, 5818, 5819, 5820, 5821, 5831, 5832, 5833, 5834, 5835,
5836, 5837, 5838, 5839, 5840, 5846, 5847, 5849, 5850, 5851, 5852, 5853, 5854,
5855, 5856, 5857, 5858, 5859, 5860, 5861, 5862, 5863, 5864, 5865, 5866, 5867,
5868, 5869, 5870, 5871, 5872, 5873, 5874, 5875, 5876, 5877, 5878, 5879, 5880,
5881, 5898, 5899, 5902, 5903, 5904, 5905, 5906, 5908, 5909 e 5910/03,
respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências
nos 2248, 2313, 2314, 2315, 2316, 2317, 2318, 2319, 2320, 2321, 2367, 2368,
2369, 2370, 2371, 2384, 2385, 2386, 2387, 2388, 2389, 2390, 2391, 2395, 2396,
2397, 2398, 2399, 2400, 2401, 2402 e 2403/03 (Processos nos 5742, 5822, 5823,
5824, 5825, 5826, 5827, 5828, 5829, 5830, 5893, 5894, 5895, 5896, 5897, 5915,
5916, 5918, 5920, 5921, 5922, 5923, 5924, 5937, 5938, 5939, 5941, 5942, 5943,
5945, 5946 e 5948/03, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº
430/03 (Processo nº 5912/03). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 518, 520,
536 e 537/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 110/03, do Senhor
Tiago Pereira Lima, Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de
Assistência Social do Ministério da Assistência Social. Após, o Senhor Presidente
concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Simone Barcelos Teixeira,
Presidenta do Conselho Regional de Fonoaudiologia da 7ª Região, que discorreu
sobre o Projeto de Lei do Legislativo n° 016/03, em tramitação nesta Casa, que
estabelece a obrigatoriedade da Triagem Auditiva Neonatal Universal – TANU - em
recém-nascidos nos hospitais e maternidades do Município de Porto Alegre,
destacando a importância dessa triagem, também chamada de “teste da orelhinha”,
para a detecção de possíveis problemas auditivos na infância. Na ocasião, nos
termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Sebastião Melo, Cláudio
Sebenelo, Ervino Besson, João Carlos Nedel, Reginaldo Pujol e Margarete Moraes
manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às
quatorze horas e quarenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e três minutos, constatada
a existência de quórum. Após, foram apregoados os Ofícios nºs 058 e 061/03,
firmados pelo Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de
Porto Alegre, através dos quais Sua Excelência informa as Representações Externas
deste Legislativo, respectivamente, do Vereador Carlos Alberto Garcia, hoje, no
VII Encontro Metropolitano dos Construtores da Paz, promovido pela Associação
Cristã de Moços - ACM - de Porto Alegre, realizado no Instituto Porto Alegre -
IPA, e do Vereador Luiz Braz, hoje, no Seminário “A Reforma Tributária e a
Micro Empresa - Uma Questão de Desenvolvimento e Justiça Social”, promovido
pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE - do Rio Grande do
Sul, realizado na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul -
FIERGS. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Aldacir Oliboni,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde, do dia vinte e um ao dia vinte e
três de outubro do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na
vereança, nos dias vinte e dois e vinte e três de outubro do corrente, a
Suplente Berna Menezes, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de
Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL. A seguir, o Senhor Presidente registrou
as presenças do Major-Brigadeiro-do-Ar Cézar Ney Britto de Mello, Comandante do
V Comando Aéreo Regional – COMAR, do Tenente-Coronel Edson Almeida Borges,
representante do Comando Militar do Sul, do Major Leandro Jacchetti, representante
do Comando Geral da Brigada Militar, e do Capitão-Tenente Vanderlei Souza dos
Santos, representante do Comando do 5º Distrito Naval, convidando-os a
integrarem a Mesa dos trabalhos e informando que Suas Senhorias comparecem a
este Legislativo para solenidade de homenagem à Força Aérea Brasileira e ao
transcurso do Dia do Aviador. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Vereador Pedro Américo Leal, que, ressaltando o fascinação do ser humano pelo
sonho de voar, teceu considerações a respeito da história da aviação mundial e
analisou, particularmente, o desenvolvimento da aeronáutica brasileira, desde
os tempos de Santos Dumont. Ainda, discorreu sobre a relevância da Força Aérea
Brasileira – FAB - para o País e saudou o transcurso do Dia do Aviador,
comemorado no dia vinte e três de outubro. Na oportunidade, o Senhor Presidente
registrou as presenças do Coronel Élcio Picchi, Chefe do Estado Maior do V
Comando Aéreo Regional – COMAR e do Tenente-Coronel José Luiz Deolla Ferrão e
convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino do Aviador. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Major Cézar Ney
Britto de Mello, que destacou a importância da homenagem hoje prestada por este
Legislativo à Força Aérea Brasileira e ao Dia do Aviador. Às quinze horas e
onze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quinze horas e quatorze minutos, constatada a existência de quórum. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 389, 390, 392, 393, 397, 398, 402 e 357/03, este discutido
pelos Vereadores Reginaldo Pujol e João Carlos Nedel; em 2ª Sessão, o Projeto
de Lei do Executivo n° 045/03, os Projetos de Lei do Legislativo nos 382, 384,
391, 394, 395, 400, 401, 404, 405 e 407/03, este discutido pelo Vereador Zé
Valdir; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 339 e 383/03, o
Projeto de Lei do Executivo n° 044/03, discutido pelos Vereadores Sebastião
Melo, Renato Guimarães, Reginaldo Pujol e João Carlos Nedel. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes avaliou a relevância das homenagens propostas
pelos Senhores Vereadores através de Sessões Solenes realizadas pela Casa e
questionou o teor de Projetos em tramitação, de denominação de logradouros
públicos. Ainda, comentou a saída do Senhor Luiz Eduardo Soares da Secretaria
Nacional de Segurança Pública e criticou discurso proferido pelo Senhor Raul
Pont em mil novecentos e noventa e oito, durante solenidade alusiva ao Dia do
Funcionário Público. O Vereador Cláudio Sebenelo, reportando-se ao
pronunciamento do Vereador Cassiá Carpes, quanto a Projetos em tramitação na
Casa para denominação de logradouros públicos, afirmou que essas propostas são
um direito do Vereador e que não aceita restrições a esse direito. Nesse
aspecto, declarou que os Projetos de sua autoria, dando nomes de ruas baseados
em constelações, se constituem numa forma de difusão cultural entre os
porto-alegrenses. O Vereador Haroldo de Souza comentou prerrogativa dada aos
legislativos municipais para a denominação de logradouros públicos. Também,
chamou a atenção para a cobrança, por empresas de telefonia celular, de chamadas
para telefones móveis que se encontram fora da área de cobertura ou desligados
e contestou Veto do Executivo Municipal ao Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 019/01, de sua autoria, que altera o artigo 70 da Lei
Complementar nº 07/1973. O Vereador Marcelo Danéris defendeu a política
salarial seguida pelo Partido dos Trabalhadores à frente da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, ressaltando a forma como é calculada a reposição dos
vencimentos dos municipários. Finalizando, mencionou debate realizado durante o
4º Congresso da Cidade, ocorrido de dezessete a dezenove de outubro do
corrente, acerca das alíquotas do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU -
do Município. O Vereador Isaac Ainhorn manifestou-se quanto à atuação do
Partido dos Trabalhadores junto aos Governos Municipal, Estadual e Federal.
Ainda, procedeu à análise de questões relativas ao Imposto Predial e
Territorial Urbano – IPTU - de Porto Alegre, em especial quanto à planta de
valores que embasa esse imposto e abordou o Projeto de Lei do Executivo nº
042/03, que institui no Município contribuição para custeio da iluminação
pública. O Vereador Reginaldo Pujol citou pesquisa realizada pelo Instituto
Sensus, que demonstra queda da popularidade do Senhor Luiz Inácio Lula da
Silva, Presidente da República, afirmando que o País vive uma época de
recessão. Também, comentou a renúncia do Senhor Luiz Eduardo Soares da
Secretaria Nacional de Segurança Pública e as atuações da Ministra da
Assistência e Promoção Social e do Secretário Especial do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social. O Vereador Wilton Araújo questionou as
razões que teriam motivado declarações prestadas à imprensa pelo Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre, de que neste ano haveria déficit
orçamentário nas contas do Município, analisando a possibilidade de alteração
do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU - e comentando Projetos de Lei encaminhados
à Casa pelo Poder Executivo, referentes à contribuição para custeio da
iluminação pública e ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN. O
Vereador João Carlos Nedel, manifestando-se acerca do Orçamento da Cidade para
o presente ano, mencionou a publicação, no Diário Oficial de Porto Alegre, do
dia vinte de outubro do corrente, do Decreto Municipal nº 14.303, de abertura
de créditos suplementares em valores superiores a vinte e quatro milhões de
reais, contestando opções feitas pelo Executivo Municipal quanto às áreas que
servirão de cobertura a essa suplementação. Em prosseguimento, a Vereadora
Clênia Maranhão registrou que a Comissão de Educação e Cultura deste Legislativo,
com o apoio do Ministério Público Estadual, promoverá, amanhã, no Auditório do
Ministério Público, no Centro, encontro para discussão do tema “Patrimônio
Imaterial: a Memória de Porto Alegre”. Ainda, o Vereador Reginaldo Pujol
informou que a Comissão de Constituição e Justiça realizará sorteio público, no
dia vinte e oito de outubro do corrente, para definir o relator do Projeto de
Lei do Legislativo nº 415/03 (Processo nº 5553/03). Em continuidade, o Vereador
Dr. Goulart formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente,
solicitando que esta Casa encaminhe manifestação ao escritor Moacyr Scliar, em
virtude da posse de Sua Senhoria na Academia Brasileira de Letras. A seguir,
constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral
e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n°
019/01, com Veto Total, o qual obteve dez votos NÃO, após ser discutido pelos
Vereadores Reginaldo Pujol, Luiz Braz e Juarez Pinheiro e encaminhado à votação
pelos Vereadores Luiz Braz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro, tendo votado os
Vereadores Almerindo Filho, Berna Menezes, Carlos Pestana, Darci Campani,
Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Renato
Guimarães e Zé Valdir, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face
à inexistência de quórum deliberativo. Na ocasião, o Senhor Presidente informou
que amanhã estará exercendo o cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre em
substituição e, em função disso, estará ausente da Sessão Ordinária desse dia.
Às dezessete horas e dezessete minutos, constatada a inexistência de quórum
deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib e Maria Celeste e
secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à
A Fonoaudióloga Simone Barcelos Teixeira,
Presidenta do Conselho Regional de Fonoaudiologia da 7ª Região, está com a
palavra para tratar de assunto relativo ao Teste da Orelhinha, pelo tempo
regimental de 10 minutos.
A
SRA. SIMONE BARCELOS TEIXEIRA: Boa-tarde! Cumprimento
o Presidente da Câmara de Vereadores, a todos os Vereadores e Vereadoras aqui
presentes. O nosso objetivo, hoje, é vir aqui para fazer uma fundamentação a
respeito do Projeto de Lei do Teste da Orelhinha. A audição é fundamental para
a aquisição e desenvolvimento da fala e linguagem. Estudos recentes comprovam que
a detecção de problemas auditivos e a intervenção iniciada precocemente,
preferencialmente até os seis meses de vida, garantem à criança um adequado
desenvolvimento global, isso é, de linguagem, fala, voz, emocional e social. A
perda auditiva, quando ocorre no nascimento, pode ter um grande impacto no
desenvolvimento da fala e da linguagem, independente de ser leve ou grave. Ela
pode interferir no desenvolvimento infantil, principalmente nos três primeiros
anos de vida, em que muitas estimulações se dão por meio do ouvir e do
aprender.
A incidência de deficiência auditiva ao
nascimento, em nosso País, chega a expressivos três neonatos surdos por mil
nascidos vivos. A deficiência de audição do recém-nascido, quando não
diagnosticada e manejada cedo, implica alterações profundas na aquisição da
fala e da linguagem, com graves conseqüências no desenvolvimento social,
emocional e educacional. Além do aspecto individual e familiar de tais
repercussões, a deficiência auditiva, se não abordada corretamente, desencadeia
elevado custo social, contribuindo para diminuição de rendimento escolar e de
força de trabalho.
O Conselho Federal de Fonoaudiologia, no
Parecer nº 003, de 1998, reafirma que a incidência da deficiência auditiva ao
nascimento, no Brasil, é de três neonatos surdos por mil nascidos vivos, e
crianças que permanecem na UTI têm ainda mais chances de adquirir a surdez.
Diante desse quadro, o Conselho Federal é fortemente favorável à adoção de
programas de triagens auditivas neonatais universais.
O período ideal de diagnóstico da perda
auditiva é até o recém-nascido completar três meses de vida. Quando a perda é
diagnosticada nesse prazo, sabemos que a intervenção médica fonoaudiológica e
demais procedimentos profissionais proporcionam melhores resultados,
favorecendo assim um adequado desenvolvimento da função auditiva. No Brasil,
entretanto, a idade média do diagnóstico é de três anos a três anos e meio de
idade, muito além da idade ideal. A triagem auditiva neonatal universal
consiste na avaliação auditiva de todos os recém-nascidos antes da alta
hospitalar. Diversos centros de neonatologia do nosso País estão implementando
ou já implementaram protocolo de triagem auditiva neonatal; por exemplo: São
Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina. Quanto mais tarde é realizado o
diagnóstico da perda auditiva, maior será a probabilidade de ocorrerem
importantes atrasos no desenvolvimento. No entanto, esses atrasos podem ser em
parte amenizados pelo diagnóstico e intervenção precoce.
O Comitê para a Audição das Crianças, que
é composto por profissionais que atuam nos casos de deficiência auditiva, tem
recomendado que pelo menos todos os recém-nascidos com fatores de risco para
deficiência auditiva sejam avaliados antes da alta hospitalar. Quando isso não
é possível, sugerem a realização da avaliação até o sexto mês de vida. O Comitê
para a Audição das Crianças, o Instituto Nacional da Saúde e a Academia
Americana de Pediatria, em ação conjunta, recomendam a triagem auditiva por
emissões otoacústicas evocadas (Teste da Orelhinha) em todos os recém-nascidos,
na ocasião da alta hospitalar, por tratar-se de um método bastante eficaz,
objetivo, não-invasivo, de fácil aplicabilidade, o que viabiliza a testagem de
um grande número de crianças.
A deficiência auditiva é considerada uma
das alterações mais freqüentes encontradas em neonatos. Como já foi dito, em
nascimentos normais a incidência da surdez é de três surdos para mil
nascimentos vivos, e entre duas a quatro alterações em 100 nascimentos de alto
risco.
Dessa forma, percebe-se que as triagens
de alterações metabólicas, que são realizadas obrigatoriamente em maternidades,
apresentam uma incidência de alterações inferior às encontradas na triagem
auditiva neonatal.
O Teste do Pezinho, que é o mais
utilizado, possui uma incidência de uma alteração em 10 mil nascimentos.
Segundo o Comitê, os fatores de risco para a surdez são: história familiar de
deficiência auditiva congênita; infecção congênita; anomalias craniofaciais,
incluindo as alterações morfológicas do pavilhão auricular e do canal auditivo;
síndromes associadas à deficiência auditiva condutiva e/ou neurossensorial e
permanência na UTI neonatal por um período maior ou igual a 48 horas.
O grupo de apoio à triagem auditiva
neonatal ressalta que a realização da triagem apenas em bebês que apresentam
indicadores de risco para deficiência auditiva faz com que 50% dos indivíduos
que apresentam perdas auditivas congênitas não tenham essas deficiências
diagnosticadas precocemente.
Dessa forma, recomenda-se a realização do
exame de rotina, tanto nos recém-nascidos de risco, quanto nos recém-nascidos
sem risco para a surdez.
Um programa completo de triagem auditiva neonatal deve
constar de três etapas: a primeira consiste na triagem auditiva, sendo seguida
pela avaliação audiológica completa, diagnóstico médico, e, posteriormente,
pela adaptação de aparelhos auditivos e intervenção fonoaudiológica
especializada em audiologia educacional.
As metodologias objetivas, como o Teste
da Orelhinha, têm sido recomendadas para a realização da avaliação auditiva,
devido ao maior grau de sensibilidade e confiabilidade dos resultados.
Atualmente, as mais utilizadas são: as emissões otoacústicas
evocadas, Teste da Orelhinha e o potencial auditivo evocado de tronco
encefálico.
O Teste da Orelhinha representa a
atividade motora da cóclea; são procedimentos rápidos, objetivos, simples,
não-invasivos, e permitem a obtenção de dados sobre a audição dos indivíduos a
partir do nascimento.
Esses procedimentos são realizados por
meio da colocação de uma pequena oliva no canal auditivo, onde um microfone
capta um som gerado pela cóclea - órgão da audição - a partir de determinado
estímulo enviado pelo equipamento.
Após a realização da triagem auditiva, no
caso da audição do recém-nascido falhar, recomenda-se uma avaliação após um
mês. Se a audição do bebê falhar nessa última avaliação, esse será encaminhado
para uma reavaliação, o mesmo será encaminhado para uma reavaliação visando a
um diagnóstico após três meses; se o bebê passar, será reavaliado após seis
meses para confirmação dos resultados; se falhar, será encaminhado para seleção
de aparelhos auditivos e acompanhamento em fonoterapia.
Ao considerarmos que no Brasil a idade
média de diagnóstico da deficiência auditiva varia em torno de três a quatro anos
de idade, e muito mais tarde para a adaptação de parelho auditivo, e a
incidência de alteração auditiva é de três neonatos surdos para cada mil
nascidos vivos, é fundamental implantar um serviço de triagem auditiva neonatal
universal em hospitais de referência, para que se possa intervir precocemente e
aproveitar o período crítico de desenvolvimento da linguagem e da fala
infantil.
O nosso objetivo, com este Projeto, é
propiciar que, na maternidade, antes da alta hospitalar, sejam detectados
problemas auditivos, para que essas crianças não venham a ter, futuramente,
problemas de desenvolvimento de fala, de linguagem, educacionais e no trabalho.
Obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib,
colegas Vereadores, colegas Vereadoras, a nossa saudação à Fonoaudióloga Simone
Barcelos Teixeira, e gostaríamos de dizer, Presidenta, que nós analisamos esse
Projeto que tramita aqui na Casa, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni - se não
me engano -, e, portanto, temos a clareza de que é um Projeto que preserva a
vida e que luta por cidadania. Então, a nossa Bancada, com toda a certeza, no
momento oportuno em que esse Projeto vier à votação - e espero que, sem dúvida
alguma, seja neste ano -, seremos parceiros para ajudar, porque, especialmente
pelas suas manifestações, extremamente embasadas, V. Sa. que representa toda
essa categoria, trabalha e, portanto, traz a nós esse subsídio extraordinário
para aqueles que não tinham as informações necessárias e para aqueles que
tinham as informações, conseqüentemente, a senhora reforça essas posições.
Bem-vinda à nossa Casa, bem-vinda à
Tribuna Popular, que é um instrumento extremamente participativo da nossa
Câmara, em que a comunidade, as entidades podem, de forma clara, colocar as
suas posições. Isso é muito importante para nós, Vereadores, que somos
envolvidos com tantos e tantos Projetos, que, às vezes, não se destaca um em
tantos os outros. V. Sa., que aqui vem com uma forte representação da sua
categoria, receba mais do que o nosso aplauso, receba o nosso apoio tranqüilo
para que a gente possa aprovar este Projeto a favor da cidadania, a favor da vida
e a favor, evidente e indiscutivelmente, de uma melhor qualidade de vida para
todos nós. Meus parabéns e muito obrigado; saúde e vida longa para todos nós!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver Cláudio Sebenelo
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Dra. Simone Barcelos Teixeira, queria lhe
dar os parabéns pela exposição magnífica, científica - com rigor, científica –
e pela informação de um número assustador, na nossa opinião, de três surdos a
cada mil nascimentos.
Eu tive a oportunidade de fazer, no Grupo
Hospitalar Conceição, com duas fonoaudiólogas, inclusive com a Maristela
Tamborindeguy, um serviço de
audiometria. Como nós temos berçário lá, estamos com essa idéia fantástica de
fazer a detecção nos primeiros dias de nascimento, em que as condições de
previsão e de providências são muito melhores e muito mais definitivas em
relação ao que vai ser a vida dessa criança com a questão da surdez; a questão
da surdez é ligada à questão da fala e à questão da escrita. Nós, aqui, estamos
numa luta muito grande para que as crianças tenham, na cidade de Porto Alegre,
um intérprete aos surdos da Língua Brasileira de Sinais, a LIBRAS. Então, nós
vemos a importância do seu trabalho e, principalmente, a dedicação que é
necessária, e a extrema e a superespecialização no seu caso. Agradeço muito
pela sua presença, meus parabéns! Estamos aqui para lhe apoiar sempre.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, Sra. Simone Barcelos Teixeira, Presidente do Conselho Regional de
Fonoaudiologia, eu quero, em nome da minha Bancada do PDT, saudá-la e dizer,
conforme o seu relato, da importância de os bebês, terem o controle pré-natal,
inclusive, depois terem esse Teste da Orelhinha feito antes de os bebês terem
alta nos hospitais. Simone, colocaste muito bem que de cada seis crianças que
nascem, três têm problemas de audição. Vejam como é importante!
Agora, eu quero citar, nesta Casa, meu
caro Presidente, Ver. João Antonio Dib, a importância da Tribuna Popular, a
importância que teve esta Casa de criar a Tribuna Popular. Esse é um assunto do
qual nós não tínhamos conhecimento e, com a sua presença e com o seu relato,
agora nós temos esse conhecimento que a senhora trouxe para esta Casa, que é a
Casa do Povo. Portanto, eu penso que, com o seu relato, nós, os 33 Vereadores e
Vereadoras, possamos analisar este Projeto com profundidade, a fim de que
possamos votá-lo com o intuito de atingir essa área dos nossos bebês, para que
se evite que as crianças saiam do Hospital com esse problema.
Portanto, em nome do meu Partido, o PDT,
mais uma vez, eu quero parabenizá-la e dizer que a nossa Bancada está a sua
inteira disposição. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Prezada Simone Barcelos Teixeira, em nome
da Bancada do Partido Progressista, dos Vereadores João Antonio Dib, Presidente
desta Casa; do nosso Líder, Ver. Pedro Américo Leal, que já foi Presidente da
Comissão de Saúde e Meio Ambiente; em nome do atual Presidente da Comissão de
Saúde e Meio Ambiente, Ver. Beto Moesch; e no meu, damos-lhe as boas-vindas e
apresentamos a nossa solidariedade a este Projeto. Nós somos 33 Vereadores
nesta Casa com conhecimentos diversificados, e nós, Sra. Simone, precisamos
muito de informações técnicas que venham subsidiar e fortalecer as nossas
decisões.
Nós, da Bancada do Partido Progressista,
queremos agradecê-la, porque a senhora veio aqui nos prestar informações
importantes e técnicas sobre esse assunto importante para a vida das pessoas e
para a saúde da família. Meus cumprimentos, e tenha, desde agora, a
solidariedade da nossa Bancada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao
tempo em que saúdo a Fonoaudióloga Simone Barcelos Teixeira, Presidenta do
Conselho Regional de Fonoaudiologia da 7ª Região, quero me inserir nas manifestações
que já ocorreram da parte de inúmeros Líderes de Bancada e incluir o PFL na
relação daqueles segmentos políticos representados na Casa que se encontram
solidários com a proposta apresentada à consideração deste Legislativo pelo
Ver. Aldacir Oliboni, cujo estado de saúde não permite, infelizmente, que
esteja conosco no dia de hoje. Nós já recebemos alguns esclarecimentos a
respeito do Projeto, que tem tido uma tramitação regular aqui na Casa, aprovado
em todas as Comissões para as quais foi distribuído, e tendo condição de ser
votado com brevidade, bastando esclarecer alguns pormenores.
Sou informado pelo Conselho Regional de
Fonoaudiologia que este já se encontra em condições de promover esses
esclarecimentos, todos eles no sentido de dar maior clareza e objetividade
possível a este Projeto rico de objetivos e que, por isso mesmo, até para que
se insira por inteiro no que dispõe o artigo 18, da Lei nº 8.080/90
relativamente ao SUS, possa atingir amplamente os seus objetivos. Então, quero
que a senhora saia da Casa com a tranqüilidade de saber que esse assunto vem
sendo cuidado com muito zelo, não olhando posições políticas com relação à
saúde, e, quando medidas surgem com o objetivo de prevenir determinadas
situações futuras, a gente volta a soletrar o velho adágio popular que diz: “é
mais fácil e mais recomendável que a gente previna do que remedeie”.
A senhora não pregou no vazio; saia daqui
com a certeza de que existe uma vontade monolítica da Casa no sentido de
contribuir para que os objetivos do Projeto do Ver. Aldacir Oliboni repercuta
no pensamento desse Conselho e possa ser largamente alcançado. Meus
cumprimentos!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete
Moraes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
A
SRA. MARGARETE MORAES: Excelentíssimo Sr. Presidente João
Antonio Dib, Excelentíssima Fonoaudióloga Simone Barcelos Teixeira, seja
bem-vinda a esta Tribuna Popular, a esta Casa, neste momento de esclarecimentos
importantíssimos a um Projeto, que aqui tramita, do Ver. Aldacir Oliboni, que
visa identificar e diagnosticar perdas auditivas cada vez mais cedo e mais
precoces, evitando conseqüências, infelizmente, às vezes irreparáveis, como é o
caso de muitas pessoas que nós conhecemos, e eu tenho a certeza que todos os
Vereadores e Vereadoras conhecem alguém com essa dificuldade.
Essa triagem auditiva nas crianças poderá
detectar esses problemas, e como eu falei antes, evitá-las. Trata-se de um
Projeto do Ver. Aldacir Oliboni, cada vez mais afinado e sensível com as
questões da saúde da nossa Cidade, que já consta - a Assessoria do Vereador,
hoje, apresentou-me a carta - uma manifestação da Secretaria Municipal da Saúde
favorável e que deverá constar ainda de mais uma Emenda capaz de aperfeiçoá-la
em termos legais e operacionais. Já há essa disponibilidade por parte da Câmara
de Vereadores, ouvindo os nossos colegas, e também do órgão público municipal.
Portanto, parabéns ao Conselho, parabéns
à Presidenta Simone e ao Ver. Aldacir Oliboni que, infelizmente, encontra-se em
licença de saúde e me pediu para representá-lo neste momento. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não havendo mais
oradores inscritos, a Mesa agradece a presença da Presidenta Simone Barcelos
Teixeira, e formula votos de que a caminhada, na busca dessa solução, seja
frutífera, mas nós temos certeza de que, se depender do apoio desta Casa, o
problema será transformado em solução. Saúde e paz! Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h42min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib - 14h43min): Estão
reabertos os trabalhos.
A Mesa anuncia que o Ver. Carlos Alberto
Garcia está em representação no VII Encontro Metropolitano dos Construtores da
Paz.
O Ver. Luiz Braz está em representação da
Casa no debate de “A Reforma Tributária e a Micro Empresa”.
O Ver. Aldacir Oliboni solicita Licença
para Tratamento de Saúde no período de 22 a 23 de outubro.
(Obs.: Foi apregoado Requerimento de
licença do Ver. Aldacir Oliboni e dada a posse ao Suplente, conforme consta na
Ata.)
Neste momento, passamos a uma homenagem
muito especial, proposta pelo Ver. Pedro Américo Leal, com o comparecimento da
representação do V COMAR.
Solicito a presença, nesta Mesa, do
Major-Brigadeiro-do-Ar Cézar Ney Britto de Mello; do Coronel Edson Almeida
Borges, representando o Comando Militar do Sul; do representante do
Comando-Geral da Brigada Militar Major Leandro Jacchetti; e do Capitão-Tenente
Vanderlei de Souza dos Santos, que representa o Comando do 5º Distrito Naval.
Em homenagem aos praças e à oficialidade
do V COMAR, eu solicito que seja tocado o Hino do Aviador.
Registro, também, a presença do Chefe do
Estado Maior do V COMAR, Coronel Élcio Picchi e do representante do Comando
Militar da Base Aérea de Canoas, Tenente Coronel José Luiz Deolla Ferrão.
Por favor, o Hino do Aviador.
(Ouve-se o Hino do Aviador.)
O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para, em nome da Câmara Municipal, falar do nosso respeito e apreço
pela Força Aérea Brasileira, no Dia do Aviador.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Falo em nome de toda a Câmara de
Vereadores sobre o Dia do Aviador. O sonho de voar sempre fascinou os homens;
homens sonhadores, idealistas, ávidos pela conquista do espaço, dos céus,
vencendo a consciente frustração – desse próprio homem – de não ter asas. Mas
por que não tenho asas? Desde a mitologia grega ocupou o imaginário dos homens
num eterno desafio. Voar! Desprender-se das amarras que prendem ao chão! Alçar
vôo! Olhar a terra lá de cima! Como fez o russo Yuri Gagarin, numa exclamação
patética: “Azul! A Terra é azul!” Com ou sem recursos materiais, adaptando,
inventando seja lá o que for, inventando propulsores. Sempre foi este o grande
desejo: voar, arremeter, abrir asas, planar! Voar, constante sonho, eterno
desafio, Torre de Babel, enigma da sabedoria humana.
Não foi em vão que Santos Dumont se
embebedou nas leituras de Júlio Verne. Nos primeiros anos do século um
brasileiro franzino, mais para Dom Quixote do que para herói, decolava com o
seu Bagatelle em competições na Europa. Na França, abandonava os dirigíveis
preferindo os aeroplanos. Imortalizando-se com o 14Bis, com engenhosidade e
coragem consagrou o Demoiselle. Optou, o brasileiro rico, em aumentar motores e
reduzir o porte dos aeroplanos. E, lá por 1907, realizou empreitadas por dois
anos, quando não se falava em Irmãos Wright - dois americanos que se insinuavam
como sendo eles os inventores do avião -, com seus vôos misteriosos, assim como
a nossa canção: ”Conceição, se subiu, ninguém sabe, ninguém viu”.
Mas deixemos esse idealista em seu tempo
para, num telegrama, examinarmos o surgimento da aviação no Brasil -
examinarmos, em telegrama, pois não falei nada aqui profundo, falei em
telegramas. Foi vertiginosa a evolução. Em 1914, na 1ª Guerra Mundial, foram
empregadas as primeiras aeronaves no campo de batalha, simplesmente para
corrigir os tiros da artilharia, uma espécie de observador avançado. Fiz isso
muitas vezes na Escola Militar, na tropa, para corrigir tiro, nada mais. No
Brasil, dois tenentes, Lavanerre e Montenegro, inauguravam o Correio Aéreo
Nacional, mais tarde o CAN, levando ao Rio e a São Paulo duas cartas só, foi
uma façanha chegar a São Paulo. E a autonomia foi disputada nas salas do Clube
Militar: com quem fica a Aeronáutica, Exército ou Marinha? Com quem fica a
Aeronáutica? Até que foi emancipado esse Comando e foi nomeado o Ministro
Salgado Filho, um civil.
E, nesse tropel, as coisas surgiram com
predominância da aviação de caça; dos Catalinas, lá na Amazônia; dos Douglas
DC3, que chamo os QTs. O que é QT? QT é a viatura do Exército para “qualquer
terreno”. E os Douglas? Eu viajei tanto em Douglas, transferido, nos tempos em
que as coisas eram feitas em bancos laterais - eu e minha família -; o QT dos
ares, tenho grandes recordações desse QT, do Douglas -; da figura legendária e
respeitável do Brigadeiro Eduardo Gomes, homem notável que conheci.
A FAB hoje em dia cobre o território
nacional, como pode? Atinge os lugares mais inacessíveis ao vôo comercial. Os
vôos comerciais não atingem todos os locais aonde a FAB vai.
Vem a II Guerra e o nosso querido “Senta
a Pua” escreve páginas indescritíveis. Sabem? Vinte e cinco pilotos sobraram,
só 25! Sabem quantas missões cada um deles fazia por dia? Duas missões de
combate. Pontes destruídas, combates no ar, depósitos de combustíveis e de
munições destruídos, aviões abatidos; essas foram as peripécias, façanhas que
essa gente fez na Itália. Esquecemos de tudo isso, ficou para trás.
Surge o SIVAM, a EMBRAER, dando trabalho
comercial à Bombardier - a canadense -, afrontando a miséria com que vivem hoje
as Forças Armadas do Brasil; o Exército, que trabalha em meio expediente; a
Marinha e a Aeronáutica sem combustível, sem aviões e sem navios. Herança
recebida de 8 anos de governo de FHC.
Não obstante, metade da frota aérea é
construída em Brasília pela EMBRAER, companhia que hoje desafia a Bombardier,
que se não é multinacional, fica por aí, é parecida.
Veio Alcântara, ponto estratégico de
lançamento; veio o desastre de Alcântara, onde vinte e tantos homens morreram.
Mas tudo foi compensado pela façanha na Bolívia, que honra a Aeronáutica
Brasileira. E quem fala nisso? Só os jornais publicam, mas publicam secamente;
dão as notícias como relato; não contam a história. Foi um resgate pouco
elogiado; verdadeira façanha de um avião Hércules e dois helicópteros Super
Puma. Resgataram brasileiros, uruguaios e chilenos sob o comando de pilotos brasileiros
em uma operação silenciosa e audaciosa. Diziam-me assim: ”Mas essa operação não
teve tiros nem mortos!”. Está aí o brilhantismo dela! Junto com o Exército
Boliviano, que cooperou; com os fuzileiros navais, que também cooperaram; com o
adito militar aeronáutico que também fez um grande trabalho, e com o Embaixador
que realizou outra enorme missão. Pouco se falou nessa façanha que fizemos.
Era, e é argumento para um filme, por que não? Os judeus não procederam à
operação Entebe ou coisa parecida? A tomada do aeroporto foi uma operação
intrincada. Sim, claro, reconheço que foi mais difícil, mais planejada. Mas a
operação dos brasileiros na Bolívia, em La Paz, não ficou atrás.
Há um certo trecho do discurso do grande
Charles Chaplin, que evoco para terminar o discurso. Palavras que podem ser
aproveitadas, quando ele traduz a ânsia da criatura humana de vencer os ares,
de voar, de planar, de se perder no espaço sem fim. No grande discurso que fez
– é uma pagina maravilhosa, também tenho esse discurso no meu gabinete –, é
maravilhoso o seu discurso, diz ele assim: “Ergue os olhos” – dirigindo-se à
esposa – “Annah!” – era uma judia. “A alma do homem ganhou asas e, afinal,
começa a voar. Voa para o arco-íris, voa para a luz, voa para a esperança”. Eis
aí a grande frustração do homem: voar. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo Leal expressou o carinho e apreço desta Casa
pela Força Aérea Brasileira.
O Sr. Cézar Ney Britto de Mello, Major
Brigadeiro do Ar, está com a palavra.
O
SR. CÉZAR NEY BRITTO DE MELLO: Sr. Presidente. Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Saúdo as autoridades que aqui se fazem presentes nesta homenagem do
dia 23 de outubro, que é o Dia do Aviador e o Dia da Força Aérea Brasileira.
Por que o dia 23 de outubro? Porque foi em 23 de outubro de 1906 que Alberto
Santos Dumont, brasileiro, natural de Minas Gerais, conseguiu realizar um dos
sonhos dos homens da época, que era voar. E é o Dia do Aviador porque, nesse dia,
Santos Dumont, apesar de percorrer apenas 200 metros, alçou o “mais pesado do
que o ar” por meios próprios, subindo apenas 60 centímetros.
E é o Dia do Aviador brasileiro, seja ele
civil ou militar. É o Dia do Aviador. Pode ser um piá decolando com o seu avião
do Alegrete; pode ser um brigadiano no comando do seu Ximango, fazendo a
vigilância das cidades; pode ser um piloto militar, decolando para interceptar
quem tenha invadido o espaço aéreo; pode ser um avião militar, levando socorro
a brasileiros desafortunados. E é o Dia da Força Aérea porque assim tudo
começou.
A Força Aérea, como disse o Ver. Pedro
Américo Leal, é uma filha dileta da Arma da Aviação do Exército e da Aviação
Naval. Criada em 1941, tem uma ligação estreita com o povo gaúcho, porque o seu
primeiro Ministro foi o Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho; porque, com a extinção
do Ministério da Aeronáutica e a criação do Ministério da Defesa, o primeiro
Comandante da Aeronáutica foi um gaúcho de Santa Cruz do Sul, o
Tenente-Brigadeiro Walter Werner Brecht.
Essa Força Aérea, jovem, com apenas três
anos, teve o seu “batismo de fogo” atuando nos céus da Itália com o 1º Grupo de
Caça e com a 1ª ELO em apoio às
nossas unidades da FEB. Ao regressar e iniciar a construção de uma nova Força
Aérea, verificou-se que essa nova Força Aérea precisava muito menos de ser uma
grande arma de guerra, senão uma grande arma de desenvolvimento do País. Assim
foi que, do pampa gaúcho ao pantanal mato-grossense, da caatinga nordestina à
região amazônica, os aviões da Força Aérea cruzaram este País de norte a sul,
levando, apoiando, transportando e vigiando nas 24 horas do dia.
É óbvio que hoje, passados esses 62 anos,
a Força Aérea foi um fator muito grande para o País do desenvolvimento e
integração social. Junto com os co-irmãos do Exército e da Marinha, atuamos
hoje, não em Estados desenvolvidos como este aqui nosso ou em São Paulo,
Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais; mas
atuamos naqueles onde há brasileiros necessitando de ajuda. A Força Aérea chega
para, nas operações de vacinação infantil, levar as vacinas do Ministério da
Saúde e da FUNASA a locais que, muitas vezes, nem o avião chega; vai de
helicóptero. Mas do mesmo modo que o nosso guri está sendo vacinado aqui em
Esteio, está sendo vacinado um outro brasileiro em locais como Querari, Ari
Cachoeira, em que a única esperança, pois nem o rio Amazonas chega lá, é a
Força Aérea. A Força Aérea também, com bala ou sem bala, já retirou brasileiros
do Congo, de Angola, da Namíbia e agora, recentemente, da Bolívia. Turista,
engenheiro, operário de obra, atuando na Namíbia, no Congo, não importa,
brasileiros como todos nós. E a Força Aérea não medirá esforços para isso
fazer. E essa Força Aérea que também criou o Centro Tecnológico da Aeronáutica,
criou o ITA, possibilitando criar cérebros para então criar a EMBRAER e a
infra-estrutura aeronáutica, como a INFRAERO, fazendo os nossos aeroportos nas
exigências da ISO/9002. Ela foi a pioneira nisso. Não mais é missão dela.
Então, basicamente, agradeço a todos os
senhores por esta homenagem, a esta Instituição para a qual eu dediquei a minha
adolescência, a minha juventude e dedico o meu tempo 24 horas por dia, há
exatos 41 anos, e a oportunidade de aqui estar. Até é interessante estar com esse
público, se não fosse a benevolência do Ver. João Antonio Dib, para agradecer
esta homenagem e para dizer que nós, da Força Aérea Brasileira, muito mais do
que asas de um povo soberano, fomos e seremos sempre, asas da solidariedade e
asas da esperança! Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Meu caro Major
Brigadeiro Aéreo Cézar Ney Britto de Mello, a Casa do Povo de Porto Alegre
sente-se honrada pela presença das autoridades do V COMAR, na nossa Casa, no Dia
do Aviador. Nós agradecemos, assim como também agradecemos as presenças do
Tenente-Coronel Edson de Almeida Borges, representante do Comando Militar do
Sul; do Major Leandro Jacchetti, representante do Comando-Geral da Brigada
Militar; do Capitão-Tenente Vanderlei de Souza dos Santos, representante do
Comando do 5.º Distrito Naval; do Coronel Élcio Picchi, Chefe do Estado Maior
do V COMAR; do representante do Comando Militar da Base Aérea de Canoas,
Tenente Coronel José Luís Deolla Ferrão e do nosso querido amigo, e sempre
permanente elo de ligação com o Comando Militar Sul, Tenente Coronel Irani
Siqueira. Agradecemos também as presenças de representantes da Brigada Militar,
do Exército Brasileiro e de todos os senhores que aqui estão representando a
Força Aérea Brasileira. Bons vôos à Força Aérea Brasileira. Saúde e paz!
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h11min.)
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª
SESSÃO
PROC. 4686/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 357/03, de autoria do
Ver. Darci Campani, que declara feriados municipais o Domingo de Páscoa, o
segundo domingo do mês de maio - Dia das Mães - e o segundo domingo do mês de
agosto - Dia dos Pais -.
PROC. 5237/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 389/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua das Nogueiras um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5238/03 – PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 390/03, de autoria do Ver.
Raul Carrion, que denomina Rua das Magnólias um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5240/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 392/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua dos Ipês um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5241/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 393/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua dos Gerânios um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5245/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 397/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua das Azaléias um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5246/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 398/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua dos Ciprestes um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5365/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 402/03, de autoria do
Ver. Sebastião Melo, que cria no Município de Porto Alegre o Programa SOS
Idosos Desaparecidos.
2.ª
SESSÃO
PROC. 5506/03 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 045/03, que concede benefício
financeiro a Eloy Martins e dá outras providências.
PROC. 5206/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 382/03, de autoria do
Ver. Nereu D’Avila, que denomina Rua Jocelito da Silva Mangia um logradouro
público não-cadastrado, localizado no Bairro Agronomia.
PROC. 5216/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 384/03, de autoria do
Ver. Isaac Ainhorn, que declara de utilidade pública o Veteran Car Club do
Brasil – Clube dos Automóveis Antigos do Rio Grande do Sul.
PROC. 5239/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 391/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua dos Girassóis um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5242/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 394/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua dos Plátanos um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5243/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 395/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua das Palmas um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5248/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 400/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua das Tulipas um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Ponta Grossa.
PROC. 5388/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 405/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Monsenhor Antonino Dutra um
logradouro público não-cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema III.
PROC. 5422/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 407/03, de autoria do
Ver. Zé Valdir, que denomina Av. Arroio Feijó um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.
PROC. 5305/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 401/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Edemilson Santos Silva um logradouro
público cadastrado, localizado no Bairro Espírito Santo.
PROC. 5381/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 404/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Enio Berwanger um logradouro público
não-cadastrado, localizado nos Loteamentos Moradas da Hípica e Nova Ipanema
III.
3.ª
SESSÃO
PROC. 4405/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 339/03, de autoria do
Ver. Sebastião Melo, que denomina Praça José Fernando Cirne Lima Eichenberg um
logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Coronel Aparício
Borges.
PROC. 5215/03 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 383/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Leonilda Flores Rubens um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 5416/03 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 044/03, que autoriza o Chefe
do Poder Executivo a intervir no acordo de parcelamento de débito junto ao
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, entre o Departamento Municipal de
Limpeza Urbana – DMLU e a Caixa Econômica Federal – CEF.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente da nossa Casa Legislativa,
insigne Ver. João Antonio Dib, colegas Vereadores e Vereadoras, nós queremos
discutir inicialmente esse Projeto do Poder Executivo, que autoriza o Chefe do
Poder Executivo a intervir no acordo de parcelamento de débito junto ao Fundo
de Garantia de Tempo de Serviço, FGTS, entre o Departamento Municipal de
Limpeza Urbana, DMLU, e a Caixa Econômica Federal.
Vereador Cláudio Sebenelo, eu dei uma
manuseada no Projeto do Executivo, e seria no mínimo razoável, Sr. Presidente,
que o Executivo dissesse o que deve. Para pedir que o Poder Legislativo
autorize, tem de dizer o que deve. Então, se não estiver acostado aos autos,
nós vamos ter de pedir diligência imediatamente, porque o Governo de Sua
Excelência, o Prefeito João Verle, não tem tido nenhuma dificuldade, Ver.
Cláudio Sebenelo, em gastar com determinadas coisas, e, portanto, as finanças
do Município de Porto Alegre estão muito mal.
Aliás, aquilo que foi o carro-chefe
durante esses 16 anos, que venderam nos espaços nobres da televisão, no rádio,
na Internet, nas assembléias do Orçamento Participativo, de que a saúde
financeira de Porto Alegre era férrea, isso veio por água abaixo.
Eles foram desconstituindo várias coisas
e a última delas, agora, é a questão das finanças. E esse Projeto é uma prova
cabal. Está pedindo a autorização do Poder Legislativo para poder parcelar os
débitos do DMLU. Agora, para nós autorizarmos, nós queremos saber qual é a
dívida. Afinal de contas, desde quando está atrasado, Sr. Presidente? Qual é o
valor dessa dívida? É o mínimo que se espera, quando se pede do Poder
Executivo, do Legislativo, essa autorização. Estamos dispostos a olhar, sem
dúvida alguma, com toda atenção que merece o Projeto do Executivo. E, talvez,
antes de conceder um aparte a V. Exa., eu quero dizer que eu estou com o
Projeto original e não encontrei nos autos principais, talvez, possa estar
equivocado.
O
Sr. Marcelo Danéris: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Sebastião Melo, considerando oportuna a sua pergunta, nós
gostaríamos de informar o valor e estaremos sempre informando, sempre que V.
Exa. assim achar necessário, porque, obviamente, o valor se altera conforme o
dia, exatamente por tratar-se de uma dívida. Não está no Projeto original,
exatamente porque é uma autorização para que a gente possa parcelar essa
dívida, mas o valor atualizado, hoje, é de um milhão, 188 mil, 560 reais e 4
centavos – esse é o valor atualizado no dia 30 de setembro; mas, obviamente,
ele já deve ter tido alguma alteração, exatamente por tratar-se de uma dívida.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Muito obrigado, eu agradeço ao Líder do
Governo, que presta as informações.
Acho oportuno que esse debate se
estabeleça, Ver. Pedro Américo Leal, porque trata, sim, de finanças públicas
quando nós presenciamos nesta Casa, quando nós presenciamos nos espaços nobres
dos meios de comunicações a Prefeitura alardear, em vários momentos, a sua
saúde financeira, Ver. Reginaldo Pujol. E, agora, evidentemente, se corta a
bimestralidade, se corta o lanche dos funcionários da SMOV e de outros
departamentos da Prefeitura e investe-se muito em publicidade, porque esse
Governo tem uma certa fascinação por gastar em publicidade. E, agora,
evidentemente - eu não sei se é só nesses departamentos, com certeza deve ter
atraso em outros também - eu acho que é importante, Ver. Pujol, que a gente
possa fazer um pedido de diligência à Comissão competente para trazer aos
autos, efetivamente, não só o valor da dívida, mas desde quando ela vem, como ela
se constitui ao longo desse tempo. Portanto, Sr. Presidente, muito obrigado
pela atenção dispensada.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
eu estranho a postura de oposição permanente de alguns Vereadores, porque
chegam ao absurdo de questionar a iniciativa da Prefeitura de querer renegociar
dívidas, pagar dívidas, e a postura contrária do Ver. Sebastião Melo não está
nem se colocando, porque é uma renegociação de dívida, que é indevida, porque
todos nós sabemos que a apresentação da dívida é correta; o problema é a forma
como esse debate é feito. Por exemplo, o Governo Municipal negociou, depois de uma
longa data, com a aprovação, com a manifestação positiva desta Casa, uma dívida
com a CEEE em relação à iluminação pública.
O atual Governo do Estado faz esforços
imensos para que esta negociação seja levada a cabo, seja concretizada.
Independentemente de quem está governando o Estado, de quem está governando
Porto Alegre, deve haver o reconhecimento de que a dívida com a Companhia
Estadual de Energia Elétrica, para a manutenção do serviço de iluminação
pública na Cidade, precisa ser resolvida, e não é uma questão exclusiva da
cidade de Porto Alegre; os 497 Municípios do Rio Grande do Sul vivem com esse
problema. Há necessidade de se encontrar uma maneira de resolver essa questão,
de como o consumo de energia da iluminação pública vai ser paga à CEEE. Há
pessoas que dizem que são totalmente contra a constituição de uma taxa. Então,
vamos propor que o ICMS que o Estado cobra na taxa, na conta de luz dos
cidadãos, que parte desse ICMS do próprio Estado reverta para pagamento dessa
dívida. Vamos fazer uma discussão que comprometa as partes, mas que não seja
uma discussão de total intransigência e de oposição permanente, porque aí me
parece que é a mesma discussão que nós estávamos fazendo em relação ao
Orçamento.
O PMDB no Governo do Estado aprovou uma
proposta que deixa aberta a suplementação, deixa o Governador com a condição de
fazer o que quer para o seu Orçamento; ele tem condições de suplementar, de
mexer em 500 milhões do seu Orçamento. Agora, a oposição e o PMDB, na Câmara de
Vereadores, querem acabar com a suplementação do Prefeito. Eu acho que não é
uma postura pública correta.
A regra deve ser para todos. A Bancada do
PMDB deve se portar assim aqui na Casa, reagir assim na Assembléia, lá no
Congresso, ou não trazer essas regrinhas para cá, porque fica como carta
marcada, Vereador.
O
Sr. Sebastião Melo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Tenho duas questões a colocar: primeiro, o Governo de V. Exa. tem
tido carta branca desta Casa há 16 anos; talvez o Governo Rigotto a tenha, a
partir de agora; V. Exa. tem há 16 anos.
Agora, sobre essa questão pontual, com toda a tranqüilidade,
acho razoável, numa relação entre poderes, quando se pede um parcelamento, que
se junte aos autos a dívida, que é corrigida diariamente pelo sistema atual, de
ontem, de hoje, de amanhã.
Acho que é razoável. Não estou fazendo
nenhum pedido para inviabilizar qualquer questão.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Claro, entendemos assim, tanto que a
nossa Liderança afirmou qual era o valor da dívida, e vamos fazer isso de forma
a protocolar no Processo.
O que estou discutindo é que a fala, a locução de alguns
Vereadores, nesta tribuna, é de colocar amarras, de construir regras para o
Poder Público local, totalmente contraditório às posturas desses mesmos
Partidos em relação ao Governo do Estado e em relação às temáticas que estamos
debatendo nesta Pauta. Estou chamando aqui o Ver. Sebastião Melo à coerência.
Por exemplo, V. Exa. protocolou uma Emenda que acaba com a
suplementação para a Prefeitura. Quero lhe perguntar: qual é a coerência do seu
Partido, na Assembléia, em ter liberado totalmente a suplementação do Governo
Rigotto?
Buenas,
para Porto Alegre, para o Prefeito Verle, tem de acabar com a suplementação;
para o Governador Rigotto pode tudo!
Isso não é coerente com a vida pública,
não é coerente com a cidadania, não é coerente nem com o porto-alegrense, nem
com o povo gaúcho.
Se pode suplementar lá, pode suplementar
aqui! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, a minha disposição de vir à tribuna era para enfocar dois projetos
básicos que constam da nossa Pauta. Um deles foi objeto de referência do Ver.
Renato Guimarães, que acentuava que a autorização que o Chefe do Poder
Executivo solicita à Casa, para intervir no acordo de parcelamento de débito
junto ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço entre o DMLU e a Caixa Econômica
Federal. Foi analisado, e bem analisado pelo Ver. Renato Guimarães, que,
inclusive, acentuou algumas incoerências do PMDB de Brasília com o PMDB daqui
de Porto Alegre.
Eu quero deixar claro, Ver. Sebastião
Melo, que não concordo com todas as coisas que o PMDB faz, especialmente com o
que está fazendo em Brasília. Eu acho que Vossa Excelência guarda coerência:
era contra o Fernando Henrique; não pode agora ser a favor do Luiz Inácio Lula
da Silva, questão de coerência de Vossa Excelência.
Eu gosto muito mais da linha do PMDB que
Vossa excelência encarna, porque acho que é uma postura responsável solicitar,
Ver. Renato Guimarães; Vossa Excelência vai concordar comigo...
(Manifestação fora do microfone.)
O
SR. REGINALDO PUJOL: Nem diria que é mais liberal a postura
do Ver. Sebastião Melo; nem diria. O Vereador não é neoliberal; ele é do velho
PMDB de guerra, mas o velho PMDB de guerra não faz as coisas que andam fazendo
por aí; é por isso que ele não faz.
Ele está pedindo uma coisa aqui... Ver.
Darci Campani, eu estou dançando a música conforme me deram a partitura. A
discussão foi nesse nível, porque Vossa Excelência não vai discordar,
ex-diretor do DMLU que foi, que um Projeto de Lei que pede a interveniência do
Município numa negociação de dívida do Departamento Municipal de Limpeza Urbana
com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, que não deve ser coisa recente,
porque o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço se recolhe para empregados
celetistas, e há muito tempo os contratos celetistas no Município estão sendo
reduzidos a zero ou a muito poucos.
Então, se pedir, como pediu o Ver.
Sebastião Melo, como condição básica para que se analise esse Projeto aqui na
Câmara, que se saiba de quanto é o débito que está sendo negociado; isso é o
mínimo que se pode pedir. Como é que nós vamos fazer uma fiscalização no
Município e como é que, Ver. João Antonio Dib, nós vamos autorizar uma
interveniência se não sabemos do que está se tratando; qual é o débito? De onde
surgiu esse débito? Se é de uma condenação judicial, se é de uma inadimplência
do Município, se tem multa, se não tem multa, por qual razão surgiu esse
débito? Por isso, Vereador, eu tenho que concordar com esse tipo de PMDB, do
PMDB do Ver. Sebastião Melo, que cobra essas coisas; cobrava dos meus governos.
Gente como o Ver. Sebastião Melo não se curvou para o Governo Fernando
Henrique, muita gente do seu Partido, a grande maioria somou conosco, se
ajeitou. Agora, ele nunca se dobrou. Por isso eu tenho que estar de acordo com
ele.
V. Exa. quer um aparte, eu lhe dou.
Aliás, eu, logo em seguida, vou falar no seu Projeto.
O
Sr. Darci Campani: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Obrigado. Nós concordamos, até que o bom seria que viesse no
Processo um pouquinho mais de detalhamento, até porque nos reforça na nossa probidade
administrativa. Essa dívida do Fundo de Garantia é de antes de 1989. Antes de
1989, o DMLU...
O
SR. REGINALDO PUJOL: Ver. Sebastião Melo, é de antes de 1989.
Estão devendo há horas. Há mais de 10 anos estão devendo.
O
Sr. Darci Campani: É que foi uma ação na Justiça, que a
Prefeitura perdeu antes da Administração Popular. A forma de contratação de
carros locados gerou uma série de vínculos empregatícios, e a Prefeitura
recorreu para que não precisasse pagar o Fundo de Garantia. Mas, infelizmente,
perdemos a ação. Então, agora, temos de pagar por coisas feitas antes da nossa
Administração de 1989.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais tempo
para apartes.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Vou concluir, Sr. Presidente, dizendo que
eu vou voltar na primeira oportunidade à tribuna para continuar nesse assunto,
porque os debates estão tomando um bom rumo, graça a sua iniciativa, Ver.
Sebastião Melo, e também para discutir esse Projeto de Lei do Ver. Darci
Campani, que parece que quer satisfazer os comerciários, estabelecendo
feriados, em alguns domingos em Porto Alegre, e provavelmente, por exclusão,
retirando os feriados de dois de fevereiro, feriado religioso de Nossa Senhora
dos Navegantes, retirando o feriado de Corpus Christi. Retirando os feriados já
existentes para colocar outros, que, segundo eles, seriam do agrado dos
comerciários. Muito obrigado Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
gostaria de continuar discutindo este Projeto oriundo do Executivo, que
autoriza o Chefe do Poder Executivo a intervir no acordo de parcelamento de
débito junto ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço entre o Departamento
Municipal de Limpeza Urbana e a Caixa Econômica Federal. Em princípio, eu penso
que é uma operação normal, uma operação financeira garantida pelo Município,
que é sua responsabilidade, normal. A Prefeitura tem os seus órgãos e é
responsável por todos eles. Uma operação financeira normal. Penso que é
importante a preocupação do Ver. Sebastião Melo e do Ver. Reginaldo Pujol. E
parece que já foi esclarecido que houve um problema de uma causa na Justiça e
que a Prefeitura foi condenada. Efetivamente, um milhão de reais é um grande
valor. Mas o que me preocupa também, e aí estamos vendo uma outra dívida
fiscal, são os outros atrasos que estão ocorrendo no DMLU.
(Aparte anti-regimental.)
Vereador, está na Pauta, sim, porque aqui
está dizendo que o DMLU não tem cumprido as suas obrigações e que a Prefeitura
tem de intervir como avalista. Eu me preocupo com outros atrasos, Vereador. Há
uma empresa que transportou lixo daqui até São Jerônimo ou Charqueadas, e a
Prefeitura deve-lhe 700 mil reais e não paga, está atrasado desde junho. Dizem
que vão pagar mensalmente e fizeram o primeiro pagamento de 15 mil reais. Vai
pagar quando esta dívida? Não sei. Uma dívida de 700 mil reais, e paga 15 mil
reais.
O
Sr. Sebastião Melo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Essa empresa que está com o recebimento em atraso não é a Cores?
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Não, não é a Cores. Então, o que me
preocupa também, falando mais globalmente, é que no Diário Oficial de ontem ou
de anteontem, a Prefeitura, Ver. Pedro Américo Leal, está contratando mais 960
mil reais em propaganda do “Cidade Viva” na televisão. Engraçado, dinheiro para
propaganda tem; dinheiro para pagar o Fundo de Garantia, não tem; dinheiro para
pagar os fornecedores, desde junho, não tem. Deve haver alguma coisa diferente
ocorrendo no seio do Executivo Municipal, e a isso precisamos ficar atentos.
Nós, como Vereadores que se preocupam em fiscalizar o Executivo, temos de ficar
muito atentos. É muito bom que V. Exa. já chegue aí, pois também gostaria de
falar sobre este Projeto de Lei que declara feriados municipais num domingo.
Está difícil de entender! Nós, há pouco tempo, declaramos um outro dia feriado
especial. Tenho muita dificuldade para isso, mas, com muita honra, concedo-lhe
o aparte.
O
Sr. Darci Campani: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só para reforçar: a dívida com o Fundo de Garantia é anterior à
Administração Popular. E não é que não se tivesse recurso para pagar. V. Exa.,
como Vereador da Cidade de Porto Alegre, há três anos, deve ter analisado
várias vezes o Orçamento do DMLU e sabe que 100% dos recursos que vão para o
DMLU são repassados pela Prefeitura, tendo como origem ou a taxa de lixo ou
transferências da própria Prefeitura. Então, nada mais natural que a Prefeitura
sirva como avalista, faça a intervenção e coloque o Fundo de Participação do
Município como forma de compensação, já que é um dinheiro que o Governo Federal
arrecada, e poderá descontar na fonte os valores devidos ao Fundo de Garantia,
dívida que não foi paga até hoje, porque a ação estava tramitando na Justiça.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: V. Exa. ouviu o que eu disse
inicialmente: acho uma operação normal, de aval; o Município tem a obrigação
formal de fazer isso. O que me preocupa é, também, o seu Projeto de Lei que
estabelece mais três feriados em Porto Alegre. Para onde nós vamos? Precisamos
aumentar a riqueza nacional, a renda nacional, e só vamos aumentá-la com
trabalho.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, faz-se necessário usar a tribuna, usando a Liderança do meu
Partido, para que possamos expressar aqui que esta Casa deve fazer uma revisão.
As Sessões Solenes estão sendo vulgarizadas aqui. Há também a questão dos
projetos com nomes de ruas; há pouco tempo, tramitaram em Pauta 50 projetos,
denominando ruas com o nome de constelações, fora outros nomes, também, com o
objetivo, no meu entender, de conturbar ainda mais o nosso trabalho. Hoje, vejo
na Pauta em torno de 10 a 12 projetos denominando ruas com nomes de plantas e
árvores. E qual é o objetivo? Com relação a nome de rua, acho que tem de ser
por meio de abaixo-assinado - e eu respeito cada um, denominei poucos nomes de
ruas desde que assumi aqui -, para valorizar aquela pessoa que mora no bairro,
que é reconhecida na comunidade, acho que é esse o objetivo.
Nós estamos vulgarizando o nosso
trabalho, não é esse o trabalho que eu quero, sinto-me constrangido com esse
tipo de Sessão Solene, que está atravancando, atrasando o nosso trabalho...
(Aparte anti-regimental do Ver. Cláudio
Sebenelo.)
O
SR. CASSIÁ CARPES: Vereador, depois V. Exa. vai ter o tempo
necessário. V. Exa. entrou com mais de 50 projetos denominando ruas com o nome
de constelações...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não são permitidos
apartes anti-regimentais. Por favor, atenção. Há um orador na tribuna. Todos os
Vereadores poderão, depois, fazer as suas defesas.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Então, quero afirmar que eu me sinto
constrangido, com esse tipo de projeto de nome de rua. Eu não me sinto bem com
a Câmara trabalhando dessa forma. Eu sou um dos que menos faltam, se tenho uma
ou duas faltas aqui, é muito.
(Aparte anti-regimental do Ver. Cláudio
Sebenelo.)
V. Exa. terá o tempo necessário para
explicar os 50 projetos que dão o nome de constelações para nomes de ruas, que
estão desmoralizando este Plenário.
(Aparte anti-regimental do Ver. Cláudio
Sebenelo.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu peço a atenção dos
Srs. Vereadores para que seja respeitado o orador na tribuna.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Quero comentar sobre outro assunto, que é
manchete nacional: Luiz Eduardo Soares, aquele que esteve aqui fazendo um
trabalho na Segurança, e que até hoje não apareceu, agora sai, porque tinha
empregado a mulher e a ex-mulher. Mas que ótima ex-mulher, hein?!
Vou ler um documento do ex-Prefeito Raul
Pont, de outubro de 1998: (Lê.) “Companheiras e companheiros funcionários da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Quando se comemora o Dia do Funcionário
Público, dirijo-me a todos vocês, integrantes do quadro de servidores de nosso
Município. A data, desta vez, tem um significado todo especial, pois setores
dirigentes em nível federal e estadual levam a cabo, às vezes abertamente,
outras vezes de forma velada, uma pertinaz desvalorização do Serviço Público,
como se nele se localizassem os principais problemas nacionais. Neste
raciocínio” - diz ele - “simplista e de má-fé, a resolução dos problemas
financeiros das diversas frações do Estado se resumem em demitir ou em congelar
os salários”. Isso ele dizia em 1998. “Nós caminhamos no sentido contrário a
essa corrente”. Ele dizia em 1998. “Provamos, durante esses dez anos” - agora,
já são quinze para dezesseis – “de Administração Popular, que é possível manter
as finanças municipais saneadas sem recorrer ao desemprego e ao congelamento
salarial, desde que se tenha vontade política para isso”. Isso ele disse, em
1998, quando foi Prefeito da Capital. “Muito foi conseguido na nossa Porto
Alegre, que ostenta orgulhosamente o título de capital com a melhor qualidade
de vida do País. Temos a consciência nítida de que vocês, servidoras e
servidores municipais, são parte decisiva para que tenhamos obtido os avanços
na gestão democrática, na qualidade de vida, no progresso social e econômico da
Capital dos gaúchos”. Isso ele disse em 1998, criticava o Governo Federal, o
Governo Estadual. Agora, está despedindo funcionários, congelando salários!
Esta é a Prefeitura de Porto Alegre, que
não tem mais condições de continuar comandando! Que, em 2004, a população de
Porto Alegre possa dar um basta final a esse tipo de administração! Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
pedi, imediatamente o tempo de Comunicação de Líder, que eu queria falar em uma
outra coisa, em atenção à consideração que eu tenho ao Ver. Cassiá Carpes,
ilustre Presidente da Comissão de Direitos Humanos desta Câmara, mas eu sou
obrigado a dizer a essa pretensão de funcionar como “corregedor” da Casa e
chamar a atenção de outros Vereadores que eu não reconheço esse direito a um
par meu, igual, com o qual eu posso ter todas as relações de amizade e de
respeito, mas eu não aceito esse tipo de proposta do Ver. Cassiá Carpes. Eu
exijo respeito! Respeito a uma proposta - e as pessoas que tiverem algum
preparo para estar nesta Casa aqui vão entender – que é voltada para a cultura,
para a importância da existência de astros, de constelações. Aqui no bairro
Partenon existe um conjunto, Vereador, de ruas que se chamam: Urano, Netuno, Plutão.
Plutão pode insinuar algum outro nome feio? Ah, então não pode colocar. Ora,
isso é uma barbaridade! Ruas com nomes de flores, com nomes de pássaros, com
nomes de árvores é uma prática usada no mundo inteiro.
Em todas as cidades do mundo utiliza-se essa
identificação com a natureza, com o mundo que nos cerca, com o universo, com o
cosmos. O homem mesmo quer voar. O homem quer subir. Mas, de vez em quando, “se
pisa um pouco na maionese”, a coisa fica difícil, porque, realmente, eu acho
que não há contribuição maior para a cultura desta Cidade do que colocar nomes
de constelações em ruas. Por que não? As pessoas vão perguntar o porquê disso
aí. Vamo-nos despreconceituar com relação a certos nomes, como “Cavalete de
Pintor”. “Cavalete de Pintor” é o nome de uma constelação, porque tem um
formato, o conjunto de estrelas, de cavalete de pintor. Então não podemos
colocar o nome de “Câncer”, que é o nome de um caranguejo; não podemos usá-lo
porque pode ser nome de doença! Também não podemos colocar o nome de “Tucano”.
Inclusive temos de tirar a palavra “Tucano” do dicionário do Aurélio Buarque de
Holanda, porque pode ser que ele tenha se inspirado no Partido do PSDB. Ora,
pelo amor de Deus! Vamos despreconceituar! E vamos respeitar também o Projeto
dos outros! Eu não aceito esse tipo de argumento! Eu exijo respeito! E não
posso admitir, que pessoas que têm o compromisso com a cultura, especialmente
com a divulgação da cultura, como os nomes de ruas de Porto Alegre, que são
magnificamente colocadas, quando colocam nome de pessoas, quando colocam nome
de estrelas, quando colocam nome de pássaros, quando colocam nome de árvores...
Esse é um direito do Vereador, e esse direito é inalienável, e não pode haver
Vereador que se arvore como corregedor da Casa para dizer o que pode, o que não
pode, o que é bom, o que não gosta, o que constrange e chamar os outros
Vereadores de vulgares. Eu não sou vulgar e não estou vulgarizando o mandato;
ao contrário, prezo muito o meu mandato, tenho profundo respeito por ele, e
quando fiz esse Projeto, o fiz pensando exatamente nisso. Então espero que seja
a última vez que alguém faça esse tipo de acusação ou de insinuação. E nem
insinuação vou admitir, quero respeito de meus colegas, porque tenho o mais
profundo respeito aos colegas, exceto quando eles passam dos limites, e aí
serei também inflexível. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está
com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, de fato, na Pauta de hoje, como não é diferente dos outros dias,
temos vinte e dois Projetos, sendo dezessete de nomes de ruas e dez são de um
único Vereador, do Ver. Raul Carrion. Na verdade, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, identifico três fases nos últimos tempos com relação aos nomes de
rua, três tendências: a primeira é a tendência beata, religiosa, dos nomes de
padres; a segunda, a tendência sideral, de dar nomes de astros; a terceira, a
tendência ecológica, de dar nome de plantas, árvores e flores, à qual vou me
somar, porque tenho um humilde Projeto nessa linha. Mas faço uma crítica a essa
questão dos nomes de rua num outro nível. Não acho, Ver. Cláudio Sebenelo, que
seja um desrespeito à Casa. Penso que cada Vereador tem o direito de propor o
que acha e ser criticado na materialidade de seu Projeto, no objeto de seu
Projeto.
A minha crítica é uma crítica estrutural;
acho que, do jeito que está, essa prerrogativa do Vereador é excessiva. A
população também teria de ter algum direito nessa questão dos nomes de rua para
poder opinar sobre o nome da sua rua. Essa tendência beata, que chamei, dos
nomes religiosos, de padres, dizem as más línguas que terminou, porque faltou
padre em condições de ser homenageado. Agora nós entramos na tendência sideral.
Houve 88 Projetos, relacionados ao bairro Rubem Berta, sobre nomes de astros, e
agora o Ver. Raul Carrion propõe 10 nomes de flores e de plantas, todas no
bairro Ponta Grossa. Eu, humildemente, sou dessa tendência de dar nomes de
plantas, de árvores, nomes ecológicos, até porque acho, Ver. Cláudio Sebenelo,
que dar nomes de astros ou de plantas é o Projeto menos eleitoreiro, porque as
plantas não têm parentes, não votam, as árvores também não, as flores também
não.
Então, acho até que, se nós formos por aí
para fazer essa crítica do ponto de vista eleitoreiro, eu diria que o Projeto
de dar nomes de astros, de dar nomes de plantas é o Projeto menos eleitoreiro
nessa história de nome de rua.
Eu, humildemente, estou dando o nome de uma rua, no
Loteamento Timbaúva, de Arroio Feijó. Mas não sou eu que estou dando esse nome,
esse nome foi discutido pela Associação de Moradores, esse e outros nomes, e
eles optaram por dar nomes de árvores e dar nomes ligados à natureza, até
porque são pessoas que vieram do interior e que têm muito presente essa questão
telúrica, essa questão da terra, da ecologia. Então, um dos nomes que eu estou
apresentando é em homenagem ao segundo maior afluente do Gravataí, que é o
arroio Feijó, um dos arroios mais belos de Porto Alegre, que está bastante
poluído, e, há algum tempo, está-se fazendo um movimento que envolve as três
Prefeituras: a de Gravataí, a de Alvorada e a de Porto Alegre, no sentido de
salvar o “Feijó”. Em boa parte já se conseguiu. Com um Projeto da METROPLAN,
por exemplo, já se recuperou a área ao redor do arroio Feijó, tanto do lado de
Alvorada, quanto do lado de Porto Alegre, e, aos poucos, nós estamos avançando
num Projeto de conscientização da população que envolve as Associações de
Moradores, que envolve a população, as escolas, as Prefeituras e entidades
não-governamentais. E eu fiquei muito feliz quando, no dia em que eu fui
discutir o Projeto, os moradores estavam recitando um poema meu sobre o arroio
Feijó, com o qual eu vou encerrar o meu pronunciamento.
O
Sr. Darci Campani: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero parabenizá-lo, porque realmente conheço o arroio Feijó, desde
as suas nascentes; o Comitê Gravataí já fez essa visita, lá há, inclusive,
cascatas. Gostaria só de informar que realmente as dívidas do DMLU com o Fundo
de Garantia não são de algumas ações que o DMLU perdeu, mas são muitas ações, e
uma ação do Governo Federal, da época ainda, porque a contratação realmente era
feita de forma irregular.
E o meu Projeto - e não vai dar tempo de
defendê-lo - dos feriados, refere-se a domingos tradicionais, pois hoje a área
do comércio está insistindo em abrir nesses dias também. Então, vamos deixar o
feriado para que os comerciantes possam ter feriado nesse dia. Muito obrigado.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, não vai dar tempo de eu ler o
poema. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrado o período de
Pauta.
Eu gostaria de chamar a atenção dos Srs.
Vereadores no sentido de que a denominação de logradouros é extremamente
importante. Eu gostaria que as pessoas que moram nas ruas “A”, “B”, ”X”, “Y”,
“Z”, “8”, “9” ou “29”, pudessem expressar a sua opinião. Mas também acho que,
de repente, como é o caso de 10 Projetos de denominação de vegetais, poderiam
ser todos em um único Projeto. E o Executivo também poderia e deveria denominar
logradouros.
O Ver. Haroldo de Souza está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, meu querido Ver. Cláudio Sebenelo, nome de rua, para mim, no meu
entendimento e de forma muito respeitosa, deve, sim, homenagear as pessoas e
isso não é nada eleitoral. Não é, não. Eu dei apenas o nome de uma rua aqui; a
pedido. Tratava-se do nome de uma senhora que faleceu no bairro Belém Novo, uma
antiga moradora. Foi um pedido. Mas temos de homenagear, sim, pessoas, porque
eu ficaria realmente constrangido em morar na rua “Cavalete do Pintor”. Mas, já
que o senhor quer dar seqüência a isso, eu aconselho - mas quem sou eu para dar
conselhos? -, sugiro que o senhor faça uma pesquisa na região onde o senhor
pretende dar nomes a essas ruas.
Eu recebi uma mensagem por e-mail, e eu queria alertar a todos
vocês. Quando ligamos de um celular para outro celular – essa é muito boa, Ver.
Pedro Américo Leal - e esse está desligado, é normal que escutemos: “Telefone
desligado ou fora da área de serviço”. Certo? É uma simples gravação, sem que a
chamada seja completada. Pois bem, dando-nos ao trabalho de anotar todas as
chamadas com essas ocorrências, na conta do fim do mês, essa informação de
gravação custa 55 a 65 centavos, por cada uma dessas chamadas. Após a
reclamação feita, a operadora informou que essa cobrança é legítima, pois toda
ligação que ultrapasse a seis segundos é automaticamente taxada, até mesmo
quando é apenas recebida pelo computador da empresa, sem ser completada, o que
demora 10 segundos. É uma sacanagem! Considerem que a Vivo, com esse abuso,
ganhe dois reais de cada assinante por mês. Levando em consideração que o
número de assinantes de uma empresa atinge 20, 22, 24 milhões de telefones, é
fácil concluir que a operadora ganhe, por mês, 48 milhões só nisso aí.
Isso é para todos nós pensarmos: todos
aqueles que têm telefone celular e quem não os têm pagam. Telefone desligado e
fora da área de serviço custa 65 centavos. Mas o que é isso? Então, quanto
estão ganhando essas operadoras? Isso é um absurdo! Eu deixo aqui o alerta o
para que todos vocês possam realmente entrar num pedido direto para ter um
esclarecimento a respeito disso. Não é possível que a gente continue sendo
explorado pela telefonia dessa maneira.
Até que o Presidente me esclareça,
aumento do IPTU tem de passar pelo crivo da Câmara de Vereadores de Porto
Alegre, certo? E não por 3 mil e 762 pessoas que entendem que este imposto deve
ser atualizado a cada três anos.
O tal de Congresso da Cidade, que já se
reuniu quatro vezes, em sua última reunião debateu esse assunto, e a novidade é
que um número de pessoas de poder de origem duvidosa entende que, a cada três
anos, deve haver uma atualização do valor venal dos imóveis urbanos –
residenciais e terrenos – em Porto Alegre.
Eu até acho que o Congresso da Cidade é
um jeito moderno de discutir os problemas da nossa Cidade, mas revesti-lo de
autoridade para decidir, eu acho que não. Ele só pode funcionar como meio de
colaboração, pois as decisões de aumento do IPTU são de responsabilidade de
votação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre; e ponto final. A legitimidade
constitucional da Câmara não pode ser substituída; não podemos substituir a
responsabilidade da Câmara pelo Orçamento Participativo - que, para mim, com
sinceridade, é um engodo, é uma mentira, é um jeito de fazer política que
abrange setores de um só Partido -, e muito menos a Câmara ser substituída por
um tal de Congresso da Cidade.
E não deixa de nos surpreender o fato de
que 3 mil e 762 pessoas votaram contra os seus próprios interesses, ou seja,
pelo aumento do IPTU. É, no mínimo, estranha a ação dessas pessoas com visível
intenção de o Congresso da Cidade dar um cheque em branco ao Sr. Prefeito, que
por meio da sua Secretaria da Fazenda, que poderá reajustar o valor do IPTU a
cada três anos.
Estamos atentos à manobra que se faz no
Congresso da Cidade, mesmo porque 3 mil e 762 pessoas não podem decidir por
toda a população, até porque com esse número de pessoas, com esse quociente,
não se atinge o necessário para eleger sequer um Vereador em Porto Alegre.
Valor venal é a avaliação que se faz do imóvel urbano, e é sobre esse valor que
se aplica uma alíquota calculada, que se transforma em IPTU. Continuamos com o
defeito de sempre: na campanha, uma coisa; na prática, outra.
Para encerrar, o meu Projeto, que isenta
do pagamento do IPTU os portadores do vírus da AIDS e os portadores de tumores
malignos, voltou vetado. Para mim, isso não é novidade! O PT é contra os
aidéticos? O PT é contra as pessoas portadoras de tumores malignos? Mas, como é
contra? Se o Projeto é autorizativo ou não, é outra história! Só que, no Rio de
Janeiro, a Sra. Benedita da Silva - aquela da viagem à Argentina -, a Ministra
, derrubou o seu barraco, construiu uma mansão e não paga IPTU no Morro da
Mangueira. Quer dizer, a Benedita não precisa pagar IPTU no Morro da Mangueira;
agora, os aidéticos, que foram beneficiados pelo meu Projeto, tiveram o Projeto
vetado. “Durma-se com um barulho desses!” Agora, eu tenho certeza de que, se
esse Projeto fosse de um Vereador do PT, ele teria sido sancionado pelo
Prefeito João Verle. Como eu digo na Rádio: “Isso é profundamente lamentável”!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela
TVCâmara, parece que já iniciou a campanha eleitoral para o Ver. Cassiá Carpes;
ele já veio aqui para atacar o nosso futuro Prefeito de Porto Alegre, Raul
Pont, tendo sido o nosso companheiro Deputado Federal Raul Pont um dos melhores
Prefeitos de Porto Alegre, isso dito não por mim, mas pelo Presidente do PP,
Celso Bernardi, e por uma das candidatas à Prefeitura de Porto Alegre, Yeda
Crusius. Não fui eu que disse; está lá no jornal Zero Hora.
O nosso companheiro Raul falou de algo
muito precioso para nós, e falou de forma correta. Infelizmente eu não consegui
o panfleto do Ver. Cassiá, porque eu queria sustentar aquele panfleto e
sustentar, hoje, em 2003, o que o nosso companheiro Raul Pont falou em 1998.
Ver. Pedro Américo Leal, em 2003! Ao
longo dos últimos dez anos, nós concedemos, de reposição salarial ao servidor
público municipal, quase 300%, Ver. Pedro Américo Leal.
(Aparte anti-regimental.)
Nos últimos dez anos somente. Só nos
últimos 10 anos, porque eu estou contando o Plano Real - antes de 1994 não era
URV-Real -, então, nos últimos 10 anos, quase 300% de reposição salarial. Isso
significa que o servidor público, que em 1994 recebia um mil real, hoje recebe
quatro mil reais. Mas não é só isso - isso é colocado também nas Assessorias
dos gabinetes, todos os Vereadores percebem isso a partir do salário dos seus
próprios assessores -, a bimestralidade pelo IGP-M é compromisso da nossa
Prefeitura, é compromisso da nossa Administração, é compromisso que será mantido,
e tem a palavra e o compromisso do próprio Prefeito João Verle, que já disse
isso de forma muito clara, mas respeita também a Lei de Responsabilidade
Fiscal.
E não é só isso, para se ter uma idéia,
Ver. Pedro Américo Leal, a última diferença de bimestralidade paga em 2002,
Ver. Wilton Araújo, chegou a 80 milhões de reais – a diferença -; o total de
investimentos, em 2001, foi de 110 milhões de reais. Então, só de
bimestralidade, em 2002, nós quase equiparamos o total de investimentos em
2001, para manter o compromisso, que sempre manteremos, com o servidor público
municipal. E aqueles servidores públicos que, durante o Governo Fernando
Henrique, não receberam sequer 1% de reposição, quanto mais 1%, e de forma
escalonada, que o governo Lula deu, chegando, inclusive, para alguns servidores
a 10% de reposição salarial, estando apenas há quatro meses no Governo Federal.
Essa é a diferença do compromisso; essa é a grande diferença do compromisso.
Nós vamos manter, sim, tudo o que o
companheiro Raul Pont, nosso futuro Prefeito, disse naquele panfleto, em 1998,
porque é, efetivamente, isso que nós estamos fazendo. Nós compramos o debate
sobre a Previdência Pública no Município junto com o servidor público
municipal, além de garantir todos os direitos trabalhistas que os servidores
têm, historicamente, no Município de Porto Alegre.
O nosso compromisso é de manter os
serviços bem prestados, com concurso permanente na educação, na saúde. Esse é o
compromisso, não só com o servidor público, mas com o Serviço Público, com a
qualificação dos servidores, que se faz, por exemplo, na Secretaria de Educação
– eu poderia dar infinitos exemplos. Essa é a nossa política com o servidor
público.
Portanto, eu aceito o debate e o desafio
do Ver. Cassiá Carpes, que, talvez, percebendo a capacidade, a legitimidade e a
força da candidatura do nosso companheiro Raul Pont, já veio aqui atacá-lo,
faltando um ano para a eleição. E nós sustentamos tudo o que o nosso
companheiro Raul Pont escreveu, sustentamos da tribuna. Infelizmente, não me
foi dada cópia do panfleto, senão eu a leria aqui com toda a tranqüilidade.
E nós vamos fazer, sim, o debate do IPTU
quando for necessário. A progressividade é uma defesa e uma das bandeiras
nossas, sim; é a progressividade que está no IPVA, por exemplo. Então, a
progressividade interessa, sim, à população de Porto Alegre, e o 4.º Congresso
da Cidade é, sim, um fórum de debates importantíssimo para a Cidade; tanto que
é o 4.º; tanto que tem 3 mil delegados; tanto isso importa para a Cidade, que foi
lá debatido. A progressividade trata-se não de aumento de impostos, mas de
justiça fiscal e social. Alguns poderão dizer: “Mas a Lei não permite isso”.
Não me importa se a Lei permite ou não, porque algumas coisas a gente tem de
debater quanto à justiça, e não à legalidade, para que se possam mudar as leis
e se fazer justiça.
Então, é importante debater a
progressividade: quem tem mais, paga mais, quem tem menos, paga menos. É óbvio
que sempre há aqueles que defendem os que têm mais e, portanto, nunca aceitam a
progressividade, Ver. Ervino Besson. Uma casa de 20 mil reais, por exemplo,
deveria estar pagando 0,2% de IPTU hoje, e não 0,85%; uma casa luxuosa, uma
mansão na beira da Ilha da Pintada, deveria estar pagando 1,2% para se fazer
distribuição de renda na Cidade.
Nós não vamos fugir do debate do IPTU,
mesmo que o Projeto não esteja na Câmara. Interessa-nos, sim, fazer o debate da
progressividade em qualquer imposto, e não só do IPTU. Esse é um debate que
interessa para Porto Alegre, para haver uma efetiva distribuição de renda, mas
sempre haverá aquele que subirá a esta tribuna para defender quem tem mais,
para dizer que progressividade é prejudicial, porque, na verdade, o que está
encoberto no debate é que isso prejudica as grandes, as megacorporações, com
sedes imensas em Porto Alegre que não querem pagar mais a progressividade,
porque essas vão pagar 1,2%, e não 0,85%. Mas a pessoa pobre, humilde, aquela
que consegue a casa com dificuldade, Ver. Ervino Besson, vai pagar 0,2, 0,4%.
Só para se ter uma idéia, se o Projeto do IPTU passar, 45% da população de
Porto Alegre teria redução ou isenção do IPTU: 45%! Apenas 15%, Ver. Ervino
Besson, teria aumento de IPTU acima de 50%. Quem são esses 15%? São os 15% mais
ricos da nossa Cidade, que são por eles que alguns Vereadores vêm aqui se
debater na defesa de um IPTU com alíquota fixa. Nós não queremos alíquota fixa,
nós queremos justiça fiscal e justiça social por meio da progressividade.
Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
tenho uma admiração muito grande pelo Ver. Marcelo Danéris, mas algumas
manifestações suas, agora mesmo ratificadas em pronunciamento seu, eu
certamente só posso atribuir, de um lado, ao seu entusiasmo juvenil com a
antiga linha do PT, a linha de defesa da soberania nacional, dos interesses dos
humildes. Hoje, o PT já não é mais um Partido de trabalhadores, é um Partido mais
abrangente. O Presidente Lula declarou que nunca foi de esquerda; quando
perguntavam se ele era de esquerda, ele respondia: “Não, sou torneiro
mecânico”. Agora, ele não é mais de esquerda, não assume mais a sua condição de
esquerda, e o PT certamente não está mais assumindo que é socialista, busca um
regime de igualdade social, mas uma igualdade assim muito etérea.
Eu há 14 anos nesta Casa me debato com a
questão do IPTU, e não estou sozinho: outros Vereadores que aqui estão e outros
tantos que por aqui passaram, defenderam o IPTU ao lado dos contribuintes e,
felizmente, hoje, o IPTU, por uma Lei deste Vereador, um Substitutivo
sancionado pelo seu Prefeito Pont, estabeleceu um freio ao aumento do IPTU.
Eles ensaiaram agora, Vereador, porque no
ano passado, quando o IGP-M foi de 25,31%, eles, em silêncio trataram... Porque
o IPTU, por Decreto, pode ser aumentado até o limite do IGP-M. Lógico que eles
preferiram o IGPM cheio, é da natureza desse Governo que se instalou em Porto
Alegre, que é fiscalista, que é tributarista, no sentido de cada vez mais e
mais calcar a população, a classe média, e a classe trabalhadora também entra
nisso, porque isso aí acontece em cascata, e atinge todo mundo. E agora que o
IGP-M, até o mês de outubro, está em 8,30%, e deve chegar a 10%, não é um
índice - nos 12 meses - que agrada muito.
Então, mesmo o Congresso da Cidade tendo
decidido a reavaliação da Planta de Valores, para dizer: “Não, não é aumento de
imposto, é aumento da base de tributo que está defasada”. Mesmo assim, eles já
deram uma recuada, porque nós estamos a um ano das eleição, não vão querer
assumir o debate.
Eles têm a seguinte concepção, com base no IPTU: IPTU como
distribuidor de renda. Que ingenuidade! Quem tem mais deve pagar mais. Um
médico profissional liberal que lutou a sua vida inteira e conseguiu uma casa
boa, sim, fruto de seu trabalho, de seu consultório se aposenta e tem que pagar
esses absurdos de IPTU. Ninguém mais pode mais investir em um terreno na cidade
de Porto Alegre, porque o tributo do Imposto Predial e Territorial na cidade de
Porto Alegre sobre os terrenos é absurdo, é abusivo; as alíquotas são absurdas,
para quem tem, inclusive, Ver. Juvenal Ferreira, um imóvel apenas.
Agora, eles estão aplicando outra, e não
vai passar, porque eles não têm maioria, eles têm 14 Vereadores na base
parlamentar deles, hoje, aqui. Eles não vão conseguir passar a Contribuição de
Iluminação Pública. Ah, é pouco! São 4, 5 reais por economia! Mas, se aumentou
30% a energia elétrica - há pouco o Ver. Haroldo de Souza estava aqui
denunciando os absurdos dos aumentos da telefonia em nosso País e que nos
atinge duramente! Hoje, essas multinacionais que se estabeleceram aqui... Ah,
que saudade! Agora, já estão me dizendo no interior do Estado e em Porto
Alegre: “Ah, que saudade das empresas estatais que respeitavam as pessoas, a
população”. Hoje estão aliados, o Governo Lula é o Governo do capital
financeiro, é o Governo do capital internacional!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os
jornais de hoje em todo o Brasil estampam algumas notícias que nos dão motivos
de sobra para, em Comunicação de Líder, eu vir à tribuna e comentá-las. De um
lado, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há a revelação sobre a pesquisa do
Instituto Sensus que começa a reconhecer a progressiva queda da popularidade do
Governo do Sr. Inácio Lula da Silva. Aliás, nesse veículo e na divulgação dos
fatos, há uma colocação que me parece altamente emblemática e que bem revela o
presente momento, quando diz que neste País, nesses 10 meses, não mudou nada, a
não ser a oposição, e essa, para melhor, porque faz oposição mais
responsavelmente. Mas, Ver. Wilton, essa oposição responsável não pode calar
diante de determinadas situações que estão ocorrendo neste País.
A notícia,
hoje, a respeito da renúncia do Sr. Luiz Eduardo Soares da Secretaria de
Segurança do Governo Federal não pode, aqui em Porto Alegre, disse bem o Ver.
Cassiá Carpes, passar despercebida. Esse cidadão, Ver. Pedro Américo Leal, é
aquele mesmo que esteve aqui discutindo com V. Exa., que levou quase 100
milhões dos cofres do Município para fazer um plano de segurança que iria
revolucionar a nossa Cidade. E nós não vimos coisa nenhuma. Esse cidadão é o
que ofereceu a essa senhora das Nações Unidas que passou por aqui um relatório
com informações equivocadas que a fez abrir esse atrito enorme com o Poder
Judiciário, neste País, num conflito sem precedentes na vida republicana. Essa
mesma senhora que contratava as duas esposas do Dr. Soares, que, em conjunto,
levavam 8 mil por mês para reforço do orçamento doméstico. Esse cidadão
renunciou, no dia de hoje, para livrar o Presidente Lula de uma situação
incômoda que já vem vivendo, desde que a sua Ministra da Ação Social, a
ex-Governadora Benedita da Silva, foi tomar um chazinho em Buenos Aires com os
seus companheiros evangélicos, parou no hotel mais caro da América Latina e,
ainda utilizou recursos do Governo Federal para custear sua viagem, que já era
custeada por aqueles que a haviam convidado que pagaram o seu hotel; o seu
hotel caríssimo. Essa senhora está na frigideira. Eu não gosto muito de falar
dessa senhora, porque estão cobrando muito dela, provavelmente por causa da cor
dela, porque viajar no Governo Lula por qualquer razão é a coisa mais comum do
mundo. A Ministra Benedita deveria ter conversado com alguns dos seus colegas
que são especialistas nesse fato. O próprio Ministro Tarso, que, segundo o
Babá, é o Ministro das Inutilidades, porque não faz nada; já treinava aqui em
Porto Alegre, nas suas constantes viagens pelo mundo, sempre pelos cofres
públicos.
Então, esse é o
Governo que está perdendo, meu caro Vereador, o encantamento da opinião
pública. Foi eleito com mais de 60% dos votos, próximo de 70%. No início do
ano, não mais do que 2% da população não acreditava no seu Governo; essa soma
já está em mais de 10%, já está quase em 15%, e ainda não avaliou esses últimos
fatos que aconteceram.
É pena que o
Ver. Sebastião Melo não esteja presente aqui, porque o Ver. Sebastião Melo
dizia, até fora do microfone, retrucando o pronunciamento meu - quando eu
falava a respeito do seu PMDB, que em Brasília tem uma posição e aqui tem outra
-, ele dizia que eu não podia falar, porque o meu PFL é oposição nacional e que
eu aqui vivo votando com o PT. Não sei se ele me faz uma acusação ou me faz um
elogio, porque eu posso dizer para o PT que todas as coisas boas que vierem
aqui para a Casa, eu não tenho dúvidas de votar a favor, eu não sou um
oposicionista intransigente.
Mas não posso
calar, Presidente Dib, não posso calar Senhores Vereadores, diante desse
quadro. O País vive assolado no desemprego, com uma profunda recessão, numa
crise excepcional. Agora, aparece o salvador-da-pátria aqui que vai cuidar da
Segurança Pública, emprega suas duas mulheres, paga com o dinheiro da ONU,
presta serviço para a ONU, informando de forma equivocada, gera um problemaço
com o Poder Judiciário. E nós temos de ficar calados? Não dá para calar Sr.
Presidente. Até exagerei, me alonguei no tempo, porque isso tem que ser dito,
ainda que fora do Regimento. Não dá para calar diante dessas barbaridades.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Wilton Araújo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Exmo. Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Vereadores, Sras. e Srs. da assistência, e aqueles que nos acompanham pelo
Canal 16. Gostaria, inicialmente, e esse não é o foco do meu pronunciamento de
hoje, de adendar o pronunciamento do Ver. Reginaldo Pujol, pois ele esqueceu de
citar um viajante, talvez um dos mais ilustres viajantes desse Ministério, que
é o famoso viajante da fome, do “Fome Zero”. Gastou muito mais em passagens e
estadas do que conseguiu arrecadar de dinheiro para a fome.
Mas, o meu foco hoje é o Município de
Porto Alegre. Sem dúvida nenhuma, começa a se armar na cidade de Porto Alegre,
já há alguns dias, e lá me recordo da declaração do Sr. Prefeito Municipal,
dizendo que o ano de 2003 teria um déficit orçamentário programado,
predestinado a acontecer. Falava-se até em cifras: seria de 70 milhões.
E, hoje, sabemos o por quê dessa
preparação psicológica da população e desta Casa, era para receber um grupo de
projetos que visam a aumentar a carga tributária nesta Cidade, que está por
trás dessa cortina de fumaça colocada pelo Sr. Prefeito Municipal, há dias.
Senão, vejamos. Há um Projeto que começa
a tramitar, que trata do ISSQN e das suas inúmeras alterações. E esse mesmo
Projeto está sendo vendido à Cidade e à população como aquele projeto que vai
reduzir o ISSQN da informática. Dos outros 300 artigos que mudam não se comenta
nada; só se comenta esse.
Começo a estudar o Projeto agora e
suspeito que os outros 299 artigos são de acréscimo, são de recuperação desses
5% para 2,5% na informática.
Vem também com essa aura do Congresso da
Cidade a revisão da Planta de Valores.
Ora, perdoe-me o Líder da situação, Ver.
Marcelo Danéris, mas querer dizer que a revisão da Planta de Valores, aprovada
por esse Congresso das Cidades, tem a ver com a progressividade do IPTU, não
vai colar! Não tem nada a ver uma coisa com a outra; não tem a ver com a
justiça tributária; não tem a ver com a progressividade, não senhor! É algo que
se faz ao arbítrio do Executivo, algo que se faz lá nos gabinetes fechados;
normalmente muito bem fechados, muito bem refrigerados nessa época do ano, para
ver de que forma, na média, nós podemos aumentar a arrecadação. Não há outro
tipo de preocupação, não senhor! É aumentar, sim, aumentar na média a
arrecadação em cima dos contribuintes de Porto Alegre.
E mais ainda, Ver. Cassiá Carpes, volta à
Casa a nossa Taxa de Iluminação. Eu já estava até com saudades de discuti-la. É
interessante que nós, enquanto estávamos aqui discutindo, a oposição tomou
posição e chamou para o início das matérias a serem votadas e, estranhamente, o
Executivo resolveu retirar. Manobra que não vamos discutir mais, mas houve uma
manobra e logo em seguida a oposição firmou posição a favor do Projeto do Ver.
Cassiá Carpes, que proibia a instituição da Taxa. Mais do que depressa
movimentam-se os situacionistas, os governistas e também conseguem desaparecer
com esse Projeto do plenário.
Para surpresa nossa -
pensamos que eles tinham aprendido de que a oposição não quer aumento de
tributação, não quer aumento de impostos nesta Cidade, e vai fazer de tudo para
que isso não aconteça. Não aprenderam, mandaram a Taxa de Iluminação de novo.
Será que é por que estenderam seus braços
de Poder sobre outras duas Bancadas nesta Casa? Não será o suficiente.
Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta
Casa, por esses dias, tem discutido o Orçamento de 2004. Mas nós estamos
vivendo ainda, Ver. Juvenal Ferreira, em 2003, e precisamos saber como anda a
execução orçamentária de 2003. Eu sou um Vereador que acompanha pelo Diário
Oficial do Município o que ocorre em nossa Cidade, e o Diário Oficial de
segunda-feira publicou a abertura de créditos suplementares, de transferências
orçamentárias no valor acima de 25 milhões de reais. Vinte e cinco milhões em
um dia!
Abre transferências, mas de onde tira
esses 25 milhões? Tira do saneamento básico; tira da verba para resolver os
alagamentos; tira da verba dos esgotos pluviais e tira da verba para a
construção do conduto forçado da Álvaro Chaves, que os Bairros São Geraldo,
Navegantes, Floresta, há tantos anos esperam. Estava previsto, e foi feito um
acordo nesta Casa, de que a Prefeitura investiria um certo valor no conduto
Álvaro Chaves.
E vejo aqui, justamente, o ilustre Líder
comunitário, Beto Rigoti, que tanto lutou aqui, que dialogou com esta Casa, que
dialogou com o Executivo para que a obra fosse iniciada, fosse avançada. Pois
agora, ilustre Beto Rigoti, estão tirando do conduto forçado Álvaro Chaves a
verba de um milhão, duzentos e vinte e um mil reais. Não vai sair a obra neste
ano. No Orçamento de 2004 há novamente verbas, mas será que a Prefeitura terá
novamente vontade política para fazer essa obra tão reclamada lá pela sua
associação comunitária? Mas não pára por aí, Ver.ª Margarete Moraes: tira 260
mil da cultura - muito bem -, e tira um milhão de reais de investimentos em
recuperação de obras de arte. Não serão recuperadas! E por isso a ponte lá do
Arroio do Salso, na Restinga, onde mora o meu amigo Eri Cardoso, e aquela obra
lá do Vale do Salso estão paralisadas, por falta de pagamento, e há verba
orçamentária, aqui, de um milhão de reais. E o construtor daquela ponte não
recebe 100 mil reais. E tem mais: retira também um milhão e meio de
pavimentação de estradas municipais. Que tristeza! Desde 2001 o tal de
Orçamento Participativo aprovou a pavimentação de 500 metros da Rua Santuário,
a Estrada das Furnas. Não fizeram, e há verba orçamentária! Mas não quiseram
fazer. Turismo? Não interessa. Desenvolvimento? Não interessa. Investimentos em
obras? Não são feitos. E mais: programaram pagar juros, juros da dívida
externa, juros do financiamento da Av. Perimetral, que parece que não foi
preciso pagar ou diminuíram os juros, que bom, estão aproveitando 2 milhões e
300 mil reais. Estão retirando 500 mil reais da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente. Eles dizem que não precisa verba para o meio ambiente, para
recuperação dos morros, das praças, para fazer a substituição dos problemas
ambientais causados pela Av. Perimetral. Não, estão cancelando verba. É uma
pena que a Prefeitura não execute o seu Orçamento e não tenha vontade política
para investimentos essenciais para a Cidade.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, amanhã, a Comissão de
Educação e Cultura desta Casa, com o apoio do Ministério Público Estadual,
estará realizando, na sede do Forte Apache, na Praça da Matriz, um encontro
para discutir o patrimônio imaterial de Porto Alegre. Esse é um tema da
modernidade, um tema pioneiro, talvez seja a primeira Câmara Municipal do
Brasil que coloca esse debate em sua comissão técnica. Estarão participando
lideranças e técnicos, inclusive de outros Estados brasileiros, como uma das
maiores especialistas do País, a arquiteta Márcia Santana, que vem de Salvador
especificamente para esse evento, que acontece pela manhã e à tarde; é aberto
ao público e tratará sobre o patrimônio imaterial de Porto Alegre, com debate
com especialistas, técnicos, representantes e agentes culturais da nossa
Cidade.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Outro registro, que considero relevante.
Como Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, estou informando a V.
Exa. e à Casa que nós recebemos, na data de hoje, o Projeto de Lei que trata da
abertura do comércio aos domingos. Como se trata de um Projeto de Lei polêmico,
de grande repercussão, seguindo uma tradição que o Ver. Elói Guimarães já havia
introduzido na Comissão de Constituição e Justiça, que, em projetos dessa
natureza, o relator é sorteado entre os pares da Comissão, anuncio que na
próxima terça-feira, na Reunião Ordinária da Comissão de Constituição e
Justiça, esse sorteio será realizado de forma pública. Era isso, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Correto, Vereador.
O
SR. DR. GOULART (Requerimento): Gostaria que V. Exa.
pudesse fazer um cumprimento ao nosso querido escritor Moacyr Scliar que hoje
toma posse na Academia Brasileira de Letras. Muito obrigado, Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Dr.
Goulart, toda a cidade de Porto Alegre gostaria de fazer esse voto
congratulatório. Como nós representamos todos os porto-alegrenses, considero
que o Plenário tenha aprovado o seu Requerimento, e em nome do Plenário e em
nome da Casa, será feita uma comunicação ao novo imortal.
Havendo quórum, passamos à
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
(discussão:
todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. 3290/01 – VETO
TOTAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 019/01,
de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dá nova redação ao inciso IX do art.
70 da Lei Complementar n.º 7, de 7 de dezembro de 1973, e alterações
posteriores, que institui e disciplina os tributos de competência do Município.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Marcelo
Danéris: pela manutenção do Veto Total;
-
da CEFOR. Relator Ver. João Carlos
Nedel: pela manutenção do Veto Total;
-
da CEDECONDH. Relator Ver. Cláudio
Sebenelo: pela rejeição do Veto Total;
-
da COSMAM. Relator Ver. Almerindo
Filho: pela manutenção do Veto Total.
Observações:
-
para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art.
77, § 4º, da LOM;
-
votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM – aprova o
Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o
Projeto, aceita o Veto.
-
Trigésimo dia: 16-10 (quinta-feira).
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLCL nº 019/01, com Veto Total. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o Veto Total ao PLCL nº 019/01.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Veto
que se examina é o Projeto de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que “dá nova
redação ao inciso IX do art. 70 da Lei Complementar nº 07, de 07 de dezembro de
1973, que institui e disciplina os tributos de competência do Município”.
Objetivamente, o que pretende o Ver. Haroldo de Souza? Introduzir no inciso IX
do art. 70, incluindo as pessoas portadoras do Mal de Hansen, HIV ou tumores
malignos, uma vez comprovada a moléstia por atestado de médico especialista na
área, no rol daquelas pessoas que são isentadas do Imposto Territorial Urbano
cobrado no Município de Porto Alegre, como já o são outras pessoas em situações
semelhantes.
Este Projeto de Lei, que logrou ser
aprovado por ampla maioria da Casa, foi analisado na primeira oportunidade pela
Comissão de Justiça e, agora mesmo, Sr. Presidente, o Ver. Luiz Braz ao
analisar o Veto, de forma muito competente, propõe a rejeição ao Veto Total, no
que foi acompanhado por alguns Vereadores da Casa e que, não obtendo a maioria,
ensejou que o processo fosse redistribuído para só então merecer, por parte do
Ver. Marcelo Danéris, a decisão no sentido de que se recomendava o acatamento
do Veto do Sr. Prefeito Municipal.
O que dizia o Ver. Luiz Braz a respeito
da legalidade da proposição que contraria o colocado como razões de Veto pelo
Sr. Prefeito Municipal? Dizia o seguinte, Ver. Haroldo de Souza. (Lê): “O
Projeto em questão – são as suas palavras, Ver. Luiz Braz – trata, em resumo,
da isenção do IPTU para a pessoa portadora do Mal de Hansen, Vírus da
Imunodeficiência Humana ou tumores malignos, uma vez comprovada a moléstia por
atestado médico". A proposta é, sem dúvida, altamente meritória e merece
análise bastante aprofundada, principalmente em razão de que as doenças elencadas
para isenção constituem-se num verdadeiro atestado de óbito do seu portador.
A Lei Complementar nº 07, em seu art. 70,
já contempla a isenção ao portador do Mal de Hansen. O proponente, com justa
razão, e com a aprovação de 19 membros desta Casa, nada mais quer do que
estabelecer justiça de tratamento aos portadores de outras doenças, Ver. Wilton
Araújo, igualmente malignas, ou mais graves do que a dos atualmente
beneficiados por isenção legal. As razões apontadas pelo Sr. Prefeito, sem
dúvida, são legais e, da mesma forma, meritórias; porém, cumpre asseverar que
dentro da escala de graduação das leis, e tomando como referência a própria
Carta Magna, o art. 5º, que dispõe sobre os Direitos e Garantias Fundamentais,
consagra o princípio fundamental da Constituição Federal: “Todos são iguais
perante a lei, tratando os desiguais de acordo com a desigualdade”. (Rui
Barbosa.) Assim, a discriminação atual, em que apenas uma classe de enfermos
têm a benevolência legal, não deve ter guarida nesta Casa, mesmo com as razões
do Veto do Alcaide Municipal, devendo, assim como foi aprovada a isenção, ser
estendida aos portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana ou tumores
malignos. Por tais razões, somos pela rejeição do Veto Total.
Parecer brilhante do Ver. Luiz Braz, que
eu acolhi e que logramos derrotar na Comissão de Constituição e Justiça. Aqui
nós temos de olhar só a parte técnica e jurídica; lá, no plenário, nós vamos
olhar os aspectos políticos, humanos, sociais, que envolvem a verdadeira
justiça.
Ora, eu não tive dúvida em acompanhar o
Parecer do Ver. Luiz Braz que, tecnicamente, sustenta a legalidade do
procedimento proposto pelo Ver. Haroldo de Souza. Se esse era o motivo, Ver.
Haroldo de Souza, de se ter dúvida quanto ao seu Projeto, está afastado. Quanto
à justiça deste, os 19 votos que ocorreram aqui nesta Casa deve-se repetir.
Tranqüilamente, deve-se repetir. Vossa Excelência não está criando nenhum fato
novo; V. Exa. está disciplinando algumas coisas, porque há algumas moléstias
que hoje agravam pesadamente a sociedade e que, há alguns anos, quando a Lei
Orgânica foi elaborada, não tinham essa extensão que, lamentavelmente, têm nos
dias de hoje. Por isso, Vereador, num momento em que todos nós estamos clamando
por mais recursos para a Saúde, isentar do IPTU pessoas nas condições descritas
pelo Ver. Haroldo de Souza é, acima de tudo, um gesto humano da nossa Casa, um
gesto humano de todos nós. Eu poderia ter alguma dúvida de consciência, porque,
às vezes, o excesso de humanidade pode prejudicar o raciocínio...
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Tempo encerrado nobre
Vereador.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Mas o Ver. Luiz Braz – concluo, Sra.
Presidenta - foi muito preciso, muito claro em seu exame. Tem suporte a
proposição do Ver. Haroldo de Souza na Carta Magna da Nação e, se a
Constituição brasileira abre esse espaço, por que nós, legisladores municipais,
não o preenchemos devidamente? Foi o que fez o Ver. Haroldo de Souza, mereceu
meu voto num primeiro momento, vai continuar a merecer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. João Antonio Dib reassume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para discutir o PLCL nº 019/01, com Veto Total.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Antonio Dib, Presidente desta
Casa, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, senhoras e senhores, o Ver. Haroldo de
Souza apresentou um Projeto de Lei a esta Casa para que a pessoa portadora do
Mal de Hansen ou tumores malignos, uma vez comprovada a moléstia por atestado
médico de especialista da área, possa ter isenção do IPTU. Nós já aprovamos
este Projeto aqui nesta Casa; ele foi vetado pelo Sr. Prefeito Municipal, e
agora estamos discutindo exatamente o Veto. Ele passou pela nossa Comissão de
Justiça, e nela defendemos alguns aspectos com relação ao Veto que foi oposto
pelo Sr. Prefeito Municipal, contrariando as razões de veto do Sr. Prefeito
Municipal por causa da situação que já está criada através da legislação, e até
baseando-me no art. 5º da Constituição Federal. O art. 5º da Constituição
Federal é extremamente claro. Ele diz que todos são iguais perante a Lei, sem
distinção de qualquer natureza. Ora, se isso é correto e isso tem norteado
todas as atitudes e atividades de todos os setores da nossa sociedade, desde
que a Constituição foi promulgada em 1988, então nós não podemos fazer
distinções que possam, de alguma forma, ferir esse princípio que está entre os
princípios pétreos defendidos na nossa Constituição. O art. 5º faz parte dos
direitos e garantias fundamentais, e os Vereadores todos sabem que tudo aquilo
que está aqui nos direitos e garantias fundamentais faz parte das Leis pétreas
da Constituição Federal, e por isso mesmo, para ser alterado, precisa de regras
extremamente especiais.
Se existem hoje algumas doenças que já
recebem esse tipo de tratamento, eu não vejo por que o Ver. Haroldo de Souza ou
outro Vereador deste Plenário não possa elencar outras doenças da mesma
categoria, com a mesma letalidade, para que os portadores dessas doenças, que
muitas vezes estão já pagando um tributo pesado para toda a sociedade, não
possam ter direitos absolutamente iguais aos outros portadores de outras
moléstias mais ou menos parecidas. Ora, se o Ver. Haroldo de Souza estivesse
inovando a Legislação, se ele estivesse fazendo uma lei nova de isenções,
dizendo que os portadores de moléstias desse tipo, elencadas pelo Ver. Haroldo
de Souza, são isentos do IPTU, nós estaríamos, na Comissão de Justiça, com
certeza absoluta, fulminando o Projeto do Vereador, porque ele estaria
incorrendo em uma inconstitucionalidade. Mas o Ver. Haroldo de Souza não está
inovando a Legislação, Ver. Juarez Pinheiro, não está criando uma nova isenção;
ele está apenas atendendo ao dispositivo do art. 5º da Constituição, que está
dizendo que todos aqueles que são portadores desse tipo de moléstia também
devem estar isentos, porque, quando se fez a Legislação, fez-se apenas para
determinados portadores de moléstias, e não para todos os portadores de
moléstias que possam levar à morte, ou, de repente, a uma vida bastante difícil
para aquelas pessoas que são atingidas por essa tragédia. Então, eu acho que,
no terreno da legalidade, nós não poderíamos, de forma nenhuma, condenar o
Projeto do Ver. Haroldo de Souza a uma rejeição. Eu acho que, no terreno da
legalidade, o Ver. Haroldo de Souza está absolutamente correto, porque ele
apenas atende ao dispositivo do art. 5º da Constituição e iguala a todos
aqueles que são portadores de moléstias que têm mais ou menos esse mesmo grau
de fulminância.
No terreno do conteúdo, que nós
poderíamos, de uma forma ou de outra, vir aqui querer contrariar, eu acho que
não cabe nem a nós realmente fazer essa análise, porque, afinal de contas, se
alguém quisessem se voltar contra essa Legislação, deveria fulminar aquela
Legislação que já existe. Aquelas outras legislações que apenas tendem a
atender ao que está escrito na Constituição Federal, essas outras legislações
não; elas apenas estão adequando as leis agora existentes à Constituição
Federal, que foi promulgada em 1988.
Então, nós somos absolutamente favoráveis
a que possamos derrubar este Veto, e convidamos os Vereadores que, porventura,
estejam nos seus gabinetes, a comparecerem aqui no nosso plenário, a fim de que
nós possamos ter os 17 votos necessários para a derrubada do Veto. Eu tenho
certeza absoluta de que nem mesmo os Vereadores da situação, os Vereadores
vinculados ao Partido do Prefeito, vão ter alguma coisa contrária à derrubada
do Veto.
Eu sei da impossibilidade de os
Vereadores da situação posicionarem-se contra o Prefeito, porque existe
praticamente uma determinação partidária para que todos votem unitariamente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Conclua, Vereador.
O SR. LUIZ BRAZ: Mas
nós, que somos Vereadores da oposição, acho que temos uma obrigação de votar
derrubando o Veto e fazendo com que a legislação proposta pelo Ver. Haroldo de
Souza possa viger.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para
discutir o PLCL n.º 019/01, com Veto Total.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. João Dib, Presidente; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, em matéria de
princípios, o primeiro princípio é não violar o princípio. Eu, pessoalmente,
Ver. Haroldo de Souza, vou fazer uma discussão que não tem nada a ver com a
pessoa do Vereador de oposição, que, a meu juízo, e tenho feito isso
publicamente, tem tido um dos melhores desempenhos neste segundo semestre nas
suas intervenções, no seu trabalho legislativo. Então, eu tenho um grande
respeito pelo seu trabalho e acho que V. Exa. Tem-se destacado neste
Parlamento, neste semestre, talvez como um dos melhores Vereadores. Esse é o
meu juízo de valor.
Então, o que eu vou analisar aqui não tem
nada a ver com a pessoa do Ver. Haroldo de Souza.
Quando eu falo em princípios, princípios
significam coisas que não são fenomênicas, ou seja, o princípio tem uma
validade universal.
O Estado Democrático de Direito se
estrutura por meio de regras, e, aqui nesta Casa, os Vereadores de oposição têm
sido muito ciosos, no sentido de que as regras erigidas a partir da construção
têm de ser mantidas, porque esse é o sustentáculo da democracia.
Eu concordo em parte com isso, mas a
minha opinião, Ver. Luiz Braz, é que, afora essa estrutura formal do Direito,
existem outras formas também de manutenção do Estado Democrático. E V. Exa.,
que defende o Estado Democrático de Direito, me surpreende nas suas análises do
ponto de vista constitucional.
Vamos pegar, Ver. Luiz Braz, uma pauta
negativa, o que não é o caso, porque a proposta do Ver. Haroldo de Souza é uma
pauta positiva: supondo que alguém cometa uma irregularidade, não é o tamanho
da irregularidade que vai tirar o conteúdo aético daquela conduta. Se uma
pessoa desvia um real ou desvia dez milhões de reais, o conteúdo ético dessa
atitude é o mesmo. O Ver. Haroldo de Souza faz uma proposta que, sob o ponto de
vista de repercussão no Orçamento,
não é, absolutamente, significativa. Ela tem repercussão, mas não é,
absolutamente, significativa.
É isto que eu quero abordar, este é o
eixo da minha intervenção. Está claro na Constituição Federal que a competência
para iniciar matéria tributária é do Poder Executivo. O Ver. Haroldo de Souza
ingressou com um Projeto de Lei ampliando casos de patologias que podem levar à
isenção de IPTU. Portanto, o Vereador, formalmente, comete uma
inconstitucionalidade, ou seja, há uma inconstitucionalidade formal no Projeto
do Ver. Haroldo de Souza.
Mas há outras questões mais importantes,
Ver. Luiz Braz: quem me diz – e aí eu pego o art. 5º da Constituição Federal,
que o Ver. Luiz Braz aqui citou – que não existem outras patologias tão
impactantes na vida de um ser humano quanto essas que o Vereador agora resolveu
fazer ingressar na Lei?
Existem outras patologias e, a partir do
momento em que se faz uma seleção das patologias, nós estamos, na verdade,
desigualando as pessoas. Então, talvez até houvesse na origem, e há agora
também, uma desigualdade entre as pessoas, porque outras categorias poderiam
também ter o direito de ter isenção. E o Vereador está puxando apenas uma categoria
de patologia.
De outro forma, Ver. Haroldo de Souza, o
que de pior eu acho é que V. Exa. não distingue a questão econômica. Pode uma
pessoa ter uma dessas patologias, mas ter condições absolutas de sustentação e
fazer o tratamento da doença, sem que o cidadão comum acabe por ter retirado do
orçamento parcela que era devida por quem tem a doença, por quem tem a
patologia, mas tem condições de
fazer o custeio de seu tratamento.
Portanto, nós mantemos, logicamente, não
por sermos da Bancada do Governo, como colocou o Ver. Luiz Braz, mas porque a
proposta do Ver. Haroldo de Souza tem inconstitucionalidades formais,
inconstitucionalidades materiais, e, do ponto de vista do mérito; ela é
capenga, no sentido de que ela não faz uma separação entre aqueles cidadãos que
têm a patologia e que poderiam custear o seu tratamento e acabam onerando o
conjunto da população.
Portanto, a nossa posição é pela
manutenção do Veto, reconhecendo a intenção do Ver. Haroldo de Souza.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais inscritos
para discutir. Encerrada a discussão. Em votação o PLCL nº 019/01, com Veto
Total.
O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a
votação do PLCL n.º 019/01, com Veto Total.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente Ver. João Dib, eu apenas
não quero deixar passar em julgado aqui uma afirmação do Ver. Juarez Pinheiro
de que todos sabemos – de acordo com o Ver. Juarez Pinheiro – que nós, do
Legislativo, não podemos ter iniciativas de matérias tributárias. Ora, o Ver.
Juarez sabe que existe uma séria divergência com relação a esta afirmação no
mundo jurídico, pelo menos do Rio Grande do Sul; no Supremo Tribunal Federal
existe absoluta certeza de que nós podemos ter iniciativas de matéria
tributária. Existe uma súmula que é do Pleno do Tribunal, não é de uma turma do
Supremo Tribunal Federal, Ver. Juarez Pinheiro, é do Pleno do Tribunal,
aprovando um Parecer da lavra do então Ministro Ilmar Galvão, ele que fez um
arrazoado dizendo que nós, do Legislativo, podemos, sim, ter iniciativas em
matérias tributárias, em matérias financeiras também.
Então, o Ver. Haroldo de Souza está
absolutamente correto, não está, na verdade, cometendo nenhum deslize, não está
ferindo nenhum princípio constitucional, quando tem a iniciativa da matéria
tributária, que visa apenas a equalizar direitos, que já são estendidos para
outras pessoas portadoras de outros males, mas que ele pretende apenas igualar
esses direitos, tal qual está previsto no art. 5.º da nossa Constituição,
Então, é por isso que nós aqui estamos
para encaminhar a favor do Projeto de Lei e contrariamente ao Veto oposto pelo
Sr. Prefeito Municipal.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn
está com a palavra para encaminhar a votação do PLCL nº 019/01, com Veto Total.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Sr.
Prefeito Municipal tem de buscar subsídios na Procuradoria-Geral do Município,
sobretudo para se afeiçoar e conhecer as modernas orientações jurisprudenciais.
Notadamente, Ver. Almerindo Filho – e contamos com seu voto para derrubar este
Veto -, ele quer excluir, integrar na isenção pessoas portadoras do Mal de
Hansen, HIV e tumores malignos, uma vez comprovada a moléstia.
Vejam V. Exas. que, há 15 dias, em memorável
manifestação, o Pleno do Tribunal de Justiça do Estado, por 16 votos a 9,
entendeu e prolatou decisão histórica em consonância com a orientação hoje do
Supremo Tribunal Federal no sentido de que o Vereador tem competência em
matéria tributária. Esta Casa, por um dos seus pares, ano passado, apresentou
Emenda excluindo os boxes comerciais da incidência da Taxa de Lixo por
argumentação de mérito de que boxes não produzem lixo. Essa proposta foi vetada
pelo Sr. Prefeito Municipal. Veio a esta Casa, e novamente ela confirmou a sua
posição derrubando o Veto. O Sr. Prefeito Municipal ingressou com uma ação
direta de inconstitucionalidade. Corrija-me se cometer algum equívoco, Ver.
Braz, V. Exa. que é um estudioso da matéria e não um iniciante que muda de posição
em função das teses que defende, ora de um lado ora de outro. Aqui, o Tribunal
de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul – com relação à nossa Emenda que o
Prefeito vetou, cujo Veto derrubamos, e que o Prefeito entrou com uma ação
direta de inconstitucionalidade, obteve a Liminar, e o Tribunal cassou a
Liminar -, emitiu a decisão definitiva, por 16 votos a 09, dizendo: “O Vereador
tem competência de iniciativa em matéria tributária”. E eu me admiro V. Exa.,
Ver. Juarez Pinheiro...
(Aparte anti-regimental do Ver. Juarez
Pinheiro.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Por favor, Srs.
Vereadores, não façam apartes anti-regimentais!
O
SR. ISAAC AINHORN: Vereador, eu não posso lhe conceder um
aparte. Eu gostaria do debate franco, do debate aberto, mas o encaminhamento
não me permite. Tivesse eu a certeza de que V. Exa. queria ir para o bom
combate, eu teria vindo aqui antes discutir a matéria, para enfrentar as
posições de V. Exa., com respeito de um debate no mais alto nível, porque é uma
matéria de natureza jurídica. Mas eu aqui reafirmo, Vereador, V. Exa. sabe
disso, só me surpreende que V. Exa., que no ano de 2005 estará na oposição, por
força da vontade popular, porque hoje quem lançou candidatura aqui foi o Líder
da Bancada de V. Exa., Ver. Danéris, que já fez proselitismo eleitoral do seu
candidato a Prefeito, nem prévia vai haver no seu Partido, pois baixou o
centralismo democrático leninista; o Sr. José Dirceu, o tsar já disse que Porto Alegre não tem prévia e, se berrar, tem
intervenção, daí todos acomodaram-se, e mais um berro é expulsão do Partido, e
ficam todos quietinhos, ninguém berra, submetem-se a decisão lá de cima, do tsar José Dirceu.
Sr. Presidente, vou encerrar a minha manifestação. Eu me
surpreendo com V. Exa., que é um legalista e um defensor do Legislativo, Ver.
Juarez Pinheiro, mas não querer aumentar as prerrogativas deste Legislativo e
certamente vai amargar quando estiver na oposição; vai defender idéias
diferentes das que hoje V. Exa. defende, dizendo: “Não, temos de aumentar as
prerrogativas do Legislativo”. Quando V. Exa. estiver na oposição, vai
sustentar esse tipo de posição, de aumentar a prerrogativa. Hoje, o que V. Exa.
quer é o seguinte: quanto menos o Vereador manifestar-se, melhor.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro
está com a palavra para encaminhar a votação do PLCL nº 019/01, com Veto Total.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores e
Sras. Vereadoras, eu fiquei absolutamente surpreso neste momento, porque fiz
uma brincadeira com o meu amigo, colega e inteligente Ver. Isaac Ainhorn, e ele
perdeu os cadernos, ficou nervoso, mudou o discurso, começou a agredir. Eu acho
que o Vereador já está demonstrando a sua preocupação com o próximo processo
eleitoral. Ele sabe que a população de Porto Alegre tem uma visão muito clara
dos Projetos que estão em disputa nesta Cidade, e há quatro gestões ela sempre
tem uma posição muito clara de defender o projeto democrático e popular do PT e
da Frente Popular. O Ver. Isaac Ainhorn se destemperou, ficou nervoso, mas o
Vereador tem direito de ter o seu dia ruim. Eu acho que não é o comum ele ficar
tão nervoso, mas talvez a proximidade do processo eleitoral, Ver.ª Berna
Menezes, faça com que o Ver. Isaac Ainhorn fique um pouco destemperado.
Mas, sobre a discussão que interessa e em
respeito ao Vereador autor da proposta, gostaria de dizer que o Ver. Luiz Braz
e o Ver. Isaac Ainhorn, aqui, laboraram em erro; surpreende-me, porque um é
pós-graduado e o outro é professor de Direito, ao menos o seu amigo Armando
Burd diz isso. Ver. Isaac Ainhorn, V. Exa. induziu em um erro, aqui, os seus
colegas. O que ocorreu na proposta que o Ver. Isaac Ainhorn relatou
relativamente à Taxa de Lixo de Garagem, Ver. Isaac Ainhorn, foi diferente.
Existia aqui, Ver. Isaac Ainhorn, uma proposta do Poder Executivo, e o Ver.
Isaac Ainhorn fez uma Emenda. Isso sim é possível. O que não é possível, pela
Constituição Federal, porque não tem sentido nem material, nem formal, é que um
Vereador inicie uma matéria cuja competência seja da Constituição Federal, seja
da Constituição Estadual, seja da Lei Orgânica, seja dado ao Poder Executivo.
É muito claro, isso já vem desde
Montesquieu, parece-me que o Ver. Isaac Ainhorn esqueceu da História, que ele
tanto leu. Ele já esqueceu do tempo de Júlio de Castilhos, ele só lembra agora
das suas conversas com a elite. O tempo de “Julinho”, Ver.ª Margarete Moraes –
ele que faz ouvidos moucos –, ele já esqueceu; ele sabe, hoje, das conversas
que faz com a elite.
Portanto, o Ver. Isaac Ainhorn, laborou
em absoluto equívoco, porque a matéria que ele comentou aqui foi colocada por
ele numa Emenda a um Projeto que estava na Casa, porque ascende pelo Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul, de forma unânime, Ver. Luiz Braz! Não existe
um acórdão discrepante do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, no que
tange aqui: parlamentar não pode iniciar processo legislativo de matéria
tributária ou de matéria orçamentária. No Supremo Tribunal Federal há
divergências, existem acórdãos, existem decisões, de um lado, do que possa, e,
de outro, do que não possa. Portanto, essa questão da constitucionalidade é uma
questão de princípio, mas o que eu acho, Ver. Haroldo, do ponto de vista
material, é que, se sua proposta tivesse colocado a questão da condição
econômica da pessoa que tivesse a patologia, ela teria tido muito mais sentido.
O Ver. Isaac, portanto, veio aqui, fez um proselitismo político, não tinha o
que dizer, apelou para a questão eleitoral, e nós, então, vamos responder
dizendo que nós estamos prontos para esse embate. Ver. Isaac, a população de
Porto Alegre conhece o nosso Projeto, conhece aqueles que fazem o populismo, a
que o populismo levou este País, e outros países também da América Latina;
conhece o conservadorismo que defende os interesses das elites, e, portanto,
nós estamos muito tranqüilos. Não perdemos os cadernos, como o Ver. Isaac
Ainhorn, não ficamos nervosos, e vimos aqui discutir as matérias que estão na
Pauta. O Ver. Isaac, no tempo de “Julinho”, era bem melhor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em
votação nominal o PLCL nº 019/01. “Sim” aprova o Projeto e rejeita o Veto;
“não” rejeita o Projeto e aceita o Veto. (Pausa.) Um minuto e dezesseis
segundos, antes que comecem as reclamações, a Presidência encerra a votação. E,
por não haver quórum - dez Vereadores responderam - e por ser uma matéria que
impede a votação de qualquer outra matéria enquanto não for votada, tudo está
sobrestado nesta Casa, nós declaramos encerrada a presente Sessão.
Convocamos os
Srs. Vereadores para a próxima Sessão amanhã, às 14 horas, no horário
regimental. Amanhã este Vereador estará no exercício do cargo de Prefeito
Municipal, amanhã e sexta-feira, portanto não estará presente na Sessão de
amanhã. Saúde e paz.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão
às 17h17min.)
* * * * *